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sexta-feira, 22 de novembro de 2019

ÉVORA, Portugal

Évora, cidade portuguesa na confluência de três bacias hidrográficas (Tejo, Guadiana e Sado), sendo a principal cidade da região do Alentejo, com aproximadamente 49.000 habitantes.
Conhecida pela história ao longo dos séculos e pelos bons vinhos.
Mais uma cidade europeia que iremos conhecer por conta própria, sem guia.
cidade medieval; europa; sem guia;
⇨ Partimos de Lisboa, em um carro alugado pela internet ainda no Brasil e pego no aeroporto. Como éramos apenas eu e meu marido com duas malas pequenas, escolhemos um carro pequeno, automático e com GPS. Se você for passar alguns dias em Lisboa, antes de seguir viagem, deixe para pegar o carro no dia de sua partida da capital lusitana.


Caso, vocês estejam em maior número e com crianças, um carro maior será mais confortável. Não se esqueçam de comprar um chip internacional para celular com acesso a internet ilimitada, ainda no aeroporto.
Foram aproximadamente 130 km percorridos em uma estrada bem conservada, sinalizada e com uma vista espetacular. A vontade era parar no caminho e admirar os campos. Não paramos. Tínhamos um objetivo e seguimos o percurso. 
Outra opção é viajar de trem ou ônibus.
Breve resumo histórico de Évora 
    Alguns consideram que foram os romanos que a fundaram, porém, o mais correto seria dizer "refundaram".
     A ocupação da região do Alentejo data dos primórdios da civilização humana, no período da pré-história.
    Mas, foi no domínio romano que a cidade cresceu e se fortaleceu, a nível militar, político, econômico e artístico. Época que foi nominada como "Ebora Liberalitas Julia".
      Além dos romanos, a região foi dominada pelos mouros por muitos séculos.
     Os vestígios das antigas dominações, romanos e mouros, ainda persistem na atualidade e podem ser observadas em antigas ruínas ou no estilo de várias construções do eixo histórico da cidade.
   Em 1165, Évora, foi conquistada pelos cristãos e incorporada ao reino de Portugal, tornando-se a principal cidade do sul do país.
    No reinado de D. João I (Dinastia de Avis), de 1385 a 1433, a cidade passou a ser frequentada pela corte, tornando-se a segunda cidade do reino português. 
  O período de ouro da cidade, foi o século XVI, com o surgimento de edificações de palácios, igrejas, conventos, universidade, Paço Real, aqueduto, fontes, muralhas e novas ruas, com considerável aumento da população local. O eixo urbano principal ficou definido entre as Porta Nova e a Porta de Moura, dentro da área murada.  Em 1637, o movimento intitulado por "Alterações de Évora" ou "Revolta do Manuelinho", que contestavam os novos impostos e a política do então rei Felipe II, (Rei da Espanha e Portugal), alastrando para outras regiões do país, foi considerado um precursor para a Guerra da Restauração da Independência de Portugal em 1640. Independência que os espanhóis só aceitaram em 1668.
   Nos séculos XVII e XVIII, o prestígio da cidade diminuiu e o crescimento praticamente estagnou. Sem construções de relevantes no período, ocorrem reconstruções e renovações dos prédios já existentes.
   O declínio da cidade foi intensificado no século XVIII com a expulsão dos Jesuítas. Começa a decadência de Évora.
     No século XIX e o início do século XX, ocorreram grandes transformações na cidade, com a demolição total ou parcial de antigos edifícios para a construção de novas praças, ruas, ruelas, largos, jardins, mercado, ... Enfim, o objetivo era modernizar a cidade para a nova realidade dos séculos em questão, com negativo impacto patrimonial histórico-cultural. 
As reformulações e reformas dos séculos XIX e XX, levantam velhas indagações: O que mais importa em uma sociedade, sua riqueza patrimonial (seu passado e sua história) ou a evolução da sociedade (seu futuro e seu crescimento tecnológico e social)? Até que ponto é possível conciliar o antigo com o novo?
Mesmo com todas as reformas, Évora ainda mantém um vasto patrimônio histórico-cultural-artístico, preservado ao longo dos anos, que lhe garantiu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1986. Muitos se referem a Évora, como "cidade museu".
Hospedagem:
Chegando na cidade, nossa primeira providência foi localizar o nosso hotel, alugado ainda no Brasil, e fazer o nosso check-in. As opções são muitas e sempre é bom pesquisar antes de definir sua escolha.
Escolhemos o Ibis Hotel. Embora fique fora do sítio histórico, fica a curta distância do mesmo. 
IBIS;
O quarto era simples, porém agradável e limpo. A cama e os travesseiros bem confortáveis, o banheiro exclusivo e o Wi-Fi gratuito. Como normalmente ficamos pouco nos hotéis em que nos hospedamos, estas são as prioridades que mais procuramos. Uma boa dormida, limpeza, banheiro exclusivo, um preço justo e proximidade da maioria das atrações turísticas.
A vista do quarto não dava para o centro histórico, mesmo assim era agradável, sem nenhum vizinho "colado". 
O preço dos hotéis dentro do sítio histórico é mais salgado. Se você curte hotéis e suas mordomias, ... Alguns hotéis possuem degustação de vinhos regionais. É uma opção bem pessoal que só compensa se você for desfrutar.
IBIS;
Eu, pessoalmente, não viajo para curtir hotel, mas para conhecer a cidade o máximo que puder. Com isto, passamos muito tempo na rua e não temos tempo de aproveitar confortos e mordomias extras como piscina, bar, salão e spa.
Normalmente, deixamos o carro no estacionamento do hotel, e fazemos nossos percursos sempre a pé, metrô ou ônibus urbano. No caso de Évora, fizemos tudo a pé. Estacionamento dentro do Centro Histórico são limitados e pagos.
Tomamos um rápido banho, trocamos de roupa, pegamos um mapa da cidade na recepção do hotel e lá fomos nós. 
mapa;
 Para o turismo a pé, use protetor solar, óculos de sol, roupa leve (com exceção das temporadas de frio) e sapato confortável de salto baixo. O ideal é um tênis ou sapatilha que não aperte. Nunca viaje com sapato novo. Se possível carregue uma garrafinha d'água ou dinheiro trocado para comprá-la no caminho.
Antes, de adentrarmos o centro histórico, não pude deixar de registrar o monumento abaixo, fora do sítio histórico, praticamente em frente à Porta do Raimundo
Trata-se de um monumento moderno do escultor João Cutileiro, intitulado Arco do Triunfo. Uma alusão ao antigo Arco do Triunfo romano que existia na atual praça do Giraldo, que veremos mais à frente.
Embora recente, chama a atenção pela simplicidade e significado emblemático. Pena que não vi nenhuma placa no local. Consegui as informações depois de muito pesquisar no Google.
porta do raimundo;

Sítio histórico de Évora

Vamos agora para o que interessa, circular pelo centro histórico cultural de Évora e conhecer algumas de suas atrações. Era um maravilhoso dia de primavera europeu. Céu azul praticamente sem nuvens. Perfeito para uma boa caminhada.
A preservação do Centro histórico de Évora garantiu para a cidade o título oficial de cidade-museu.
Muralhas ou Cerca Velha
Com o passar dos tempos e o crescimento demográfico da cidade, as construções ultrapassaram as muralhas da cidade. Mas, o sítio histórico que nos interessa continua contido entre os seculares muros medievais.
muralha;
As imponentes e fortificadas muralhas definem e guardam o que hoje é o Centro Histórico de Évora ou Cidade Velha
A muralha atual é o resultado de vários séculos de domínios e crescimento, com avanços e acréscimos sucessivos, com características romanas, medieval e Vauban.
Sim, a primeira muralha foi erguida no período dos romanos, cujos vestígios podem ser observados no sítio histórico.
Foi no período medieval que a muralha atingiu o seu apogeu. Entre os séculos XIV e XV, D. Afonso IV e D. Fernando I praticamente refizeram as muralhas em decorrência do crescimento urbano. Período em que a muralha passou a ser conhecida como Cerca Medieval de Évora ou Cerca Nova de Évora ou Muralhas Fernandinas de Évora.
No séc. XVII, com a finalidade de tornar a muralha inviolável, acrescentam modificações do tipo Vauban, com o acréscimo de baluartes, aproveitando parte da estrutura já existente. Desta maneira a muralha adquiriu características arquitetônicas de vários períodos.
ÉVORA, Portugal
A muralha tornou-se Monumento Nacional em 1922.
A medida que a cidade foi crescendo as muralhas anteriores eram demolidas e substituídas por novas. As muralhas que vemos nos dias atuais são do período medieval. Apenas uma parte das muralhas romanas são vistas no interior do sítio histórico.
É impressionante ver todo o sítio histórico rodeado por muralhas tão bem conservadas.
No mapa abaixo, da Câmara Municipal de Évora que visitaremos mais adiante, podemos ver a grandiosidade das muralhas atuais e alguns vestígios das antigas muralhas.
Antigamente, nos pontos de entrada/saída da antiga Évora, haviam portais que foram destruídos pelo tempo. Apenas um permaneceu intacto, a Porta de Avis.
Entramos no Sítio Histórico pela Porta do Raimundo, que não possui portais e fica próxima ao nosso hotel.
Jardim Público de Évora
Passando pela Porta do Raimundo, à direita, fica o acesso para os Jardim Público de Évora, que data do século XIX.
Na entrada, um inusitado e divertido aviso informa que cães podem entrar, mas sem trela. 
Jardim público;
O jardim, projeto do arquiteto-cenográfico italiano Giuseppe Luizi Cinatti, conhecido em Portugal como José Cinatti, foi construído entre os anos de 1863 e 1867.
Um magnífico espaço público com uma área de aproximadamente 3,3 hectares.
O jardim encanta pela diversidade de plantas, algumas exóticas, além de pequenos animais silvestres que circulam livremente. Abaixo, um casal de pavão que parece nos seguir durante o nosso passeio.
A área com mesas e bancos, nas sombras de árvores frondosas, é um convite para um delicioso piquenique ou um momento de relaxamento.
O jardim dá acesso à parte superior das muralhas e Baluartes medieval com mais de seiscentos anos, de onde temos uma linda visão da região do Alentejo e arredores. Como é o caso do Baluarte do Príncipe, na foto abaixo.
São vários espaços e recantos num mesmo lugar. Você circula e sempre encontra uma novidade.
Parece que a construção abaixo é da administração do Jardim. Interessante como a construção foi incorporada pela natureza. 
As Ruínas Fingidas, fazem parte do projeto geral do Jardim Público pelo arquiteto por José Cinatti. 
ruínas fingidas;
Apesar do que parece não é propriamente uma construção do tempo medieval. Construída na segunda metade do século XIX, com materiais arquitetônicos de ruínas de vários monumentos civis e religiosos da cidade. Foram utilizadas partes de janelas de estilo manuelino-mudéjar, uma torre e uma secção da muralha medieval (séc. XIV). 
É como um quebra-cabeça montado com peças antigas para parecer uma ruína secular. Uma construção cenográfica para evocar os tempos de ouro da região e estimular o imaginário de quem a contempla.
Não é permitido subir nas ruínas.
Dentro do Jardim Público, fica um dos pavilhões que restou do Palácio de Dom Manuel ou Paço Real de Évora, construído em torno de 1468, em um antigo convento do século XIII. No século XIV, este convento passou a ser usado como moradia pelos monarcas portugueses. Mas, foi no reinado de D. Afonso V que se tornou Palácio Real, recebendo melhorias por volta de 1468. Entretanto, foi nos reinados de D. João II e D. Manuel I que se transformou em grandioso exemplo do Renascimento Português. 
Do palácio original, restou apenas uma pequena parte, a Galeria das Damas
O coreto, do século XIX, e o palácio estavam em obras.
palácio D. Manuel;
Na mesma área, um lago artificial completa o visual.
Do Jardim Público, por uma escadaria por baixo da muralha, é possível chegar ao Parque Infantil Almeida Margiochi, que fica fora das muralhas, próximo ao Hotel Ibis, na Av. Gen. Humberto Delgado.
Neste parque, além do espaço verdejante com vários brinquedos e balanços, existe uma ludoteca (brinquedoteca) e um Museu do Brinquedo. Como não estávamos com criança, não descemos para conhecer.
parque infantil;
Tanto o acesso ao Jardim Público como ao Parque Infantil é gratuito. Estranhei a ausência de turistas em um espaço tão lindo e interessante.
Saímos do Jardim pelo mesmo acesso por onde entramos. 
Departamento de Música
Abaixo, na rua do Raimundo, o prédio que, atualmente, abriga o Departamento de Música da Universidade de Évora.
Seguimos pela Rua do Raimundo até o nosso próximo destino, sempre observando as construções no percurso. 
Praça do Giraldo 
No final da Rua do Raimundo, chegamos à emblemática Praça do Giraldo, localizada no coração da cidade, onde ficava o primeiro mercado da cidade, com vários bares, restaurantes e lojas no entorno.
O centro da praça é decorado com o típico mosaico de pedras portuguesas, denominado como calçada portuguesa. Uma área que, em tempos quentes, os cafés e restaurantes usam para colocar suas mesinhas ao ar livre.
Na praça há um posto de informações turísticas. Caso você ainda não tenha um mapa da cidade é um bom momento para consegui-lo.
Giraldo; 
Foi na idade média que esta praça se tornou um importante espaço urbano.
Entre os séculos XIII e XIV era conhecida como Terreiro ou Praça de Alconchel, passando para Praça Grande entre os séculos XV e XIX. 
O nome atual da praça, é uma homenagem a Geraldo Geraldes, o “Sem Pavor”, que tomou a cidade do domínio dos mouros, em 1167.
Bem conservada, a praça é um importante ponto turístico com várias construções imponentes no entorno.
Chafariz da Praça. Uma linda fonte barroca em mármore com oito bicas, declarada Monumento Nacional em 1910.
Esta fonte possui uma história bem peculiar e curiosa. O chafariz que vemos na praça, data de 1571, pelo arquiteto Afonso Álvares, substituiu o antigo chafariz romano, para marcar a conclusão da obra do Aqueduto de Prata que terminava nesta praça.
Mas, dizem por lá, que a igreja estava "incomodada" com a antiga estrutura romana pagã que prejudicava a visão da igreja recém construída.
Então, resolveram substituí-la por outra, que representasse o poder reinante da época e não prejudicasse a igreja, com a alegação de modernizar o centro urbano.
chafariz; aqueduto;
Fato que culminou com a demolição do antigo Arco de Triunfo Romano onde terminava o Aqueduto da Prata. Uma pequena parte do antigo arco do triunfo pode ser observado próximo da fonte atual.


No alto da fonte atual, uma réplica da coroa do reino de Portugal, da Dinastia de Aviz, em bronze, atesta a qualidade da água. No acabamento das oito bicas da fonte, pequenas carrancas em bronze.
- Igreja de Santo Antão
Igreja católica construída de 1557 a 1563, com arquitetura Renascentista, a mando do Cardeal Infante D. Henrique, Arcebispo de Évora, no lugar da medieval Ermida de Santo Antoninho. Projeto atribuído a Manuel Pires.
Fachada ladeada com duas torres sineiras e três portais maneirista. No frontão triangular, um relógio, doação do Dr. Baptista Rolo (1902).  
igreja Santo Antão;
A entrada é gratuita, se estiver aberta. Mas, fotos no interior da igreja são cobradas.
Vale entrar e conhecer o interior da igreja, em estilo igreja-salão (salão único), com três naves de igual altura e largas colunas em mármore que sustentam o teto abobadado com nervuras.
A nave única conduz à capela-mor com o altar-mor em retábulo de talha dourada, século XVII.  
O retábulo do altar-mor é atribuído ao entalhador Francisco da Silva. A pintura em madeira, no alto do retábulo, com São Sebastião, São Thiago e São Cristóvão é de 1590.
A escultura no nicho é Santo Antão Abade, trabalho em madeira pintada do século XVIII, envolto em manto escuro. 
Nas paredes laterais da capela-mor, vemos duas pinturas. "Aparição de Cristo à Virgem" e "Exaltação do Santíssimo Sacramento". 
Detalhe do altar da antiga Ermita de Santo Antoninho, com frontal em mármore, com os apóstolos esculpidos em baixo relevo, do século XIV.

Abaixo, o púlpito, colunas e teto abobadado com nervuras.
As capelas colaterais e laterais são decoradas com talha policromada maneirista e barroco-rococó, do século XVII. Algumas capelas possuem painéis de azulejos pintados. No total, são 12 capelas, além da capela-mor.
Abaixo, apenas alguns exemplos. 
- Capela das Almas, altar com imenso painel óleo sobre madeira de São Miguel e as Almas do Purgatório, atribuído a Jerônimo. No alto, no frontão do retábulo, o medalhão da Santíssima Trindade.
- Capela Nossa Senhora do Rosário, na abside à esquerda da Capela-mor. Retábulo neoclássico de meados do século XVIII. Revestimento das paredes laterais da capela com azulejos policromados. 
- Capela de Santa Ana, hoje Santa Teresinha do Menino Jesus, com o retábulo de transição do barroco final para o rococó e o painel "Adoração dos Pastores" (1575). A imagem atual é de Santa Teresinha do Menino Jesus, ladeada por Santa Beatriz e Santa Isabel.
Sobre a entrada principal da igreja, fica a área reservado ao coral.
Agência do Banco de Portugal. Belo e bem conservado edifício do século XVI, que foi restaurado no século XIX, situado na praça do Giraldo, no lado oposto à Igreja de S. Antão. Antes da construção da agência bancária, no lugar ficava a prisão e a antiga Câmara Municipal Manuelino que foram demolidas e transferidas. 
Sua fachada possui acabamento em mármore na parte térrea e nos rebordos das janelas e portas. No andar superior, o acabamento da fachada é em reboco pintado em branco.
Fundado em 1846, o Banco de Portugal de Évora é uma agência do Banco Central da República Portuguesa, cuja sede fica em Lisboa, subordinado ao Banco Central Europeu.
Museu do Relógio - Polo de Évora
Da praça do Giraldo, descendo à esquerda da igreja, pela rua de Serpa Pinto, você chega ao Museu do Relógio. 
museu do relógio;
O museu ocupa parte do Palácio Barrocal ou Palácio dos Condes de Murça, pertencente à Fundação INATEL. 
O museu, filial da unidade de Serpa, foi inaugurado em 2011, com cerca de 400 relógios, da coleção pessoal de Antônio Tavares de Almeida.
São relógios de pulso, bolso, parede ou sobre móvel. O museu conta ainda com uma loja e sala de reparação e restauro. Curioso, mas não excepcional. Abre a partir das 14 horas.
Igreja de Santa Clara 
Um pouco mais abaixo, na Rua de Serpa Pinto que conduz da praça do Giraldo à uma das saídas do sítio histórico, na muralha medieval, encontramos uma antiga igreja, a Igreja de Santa Clara
O complexo igreja/convento das freiras Clarissas foi fundado no século XVI, por D. Vasco Perdigão, Bispo de Évora na época. 
Igreja de santa clara;
Com a morte da última freira Clarissa, após a extinção das ordens religiosas em Portugal, o convento foi fechado em 1903. Entre os anos de 1911/36, abrigou um Quartel de Infantaria. Após, passou a servir como escola industrial e depois preparatória. Atualmente, o convento alberga a Escola Básica de Santa Clara.
A rústica fachada possui portais de granito sobre os quais podemos observar símbolos da ordem franciscana.
Infelizmente, uma preciosidade histórico-cultural, deteriorada pelo tempo que clama por reformas. Estava fechada e não entramos.
Retornamos à praça do Giraldo e, de lá, seguimos pela Rua 5 de Outubro (antiga rua da Selaria), até a Catedral de Évora. Uma curta e estreita rua pedonal, com várias lojas, cafés e restaurantes. É comum, a exposição de artigos do lado de fora das lojas, bem como, mesas dos restaurantes, aproveitando o bom tempo da primavera e verão.
No início da rua, uma janela antiga com azulejos serve como pequeno altar. Uma antiguidade de 1733.
No caminho, um beco, o beco da Espinhosa, de paredes caiadas com roupas penduradas nas janelas que conferem um ar bucólico.
beco;
Ao fundo, no beco, um acesso leva a uma escadaria que conduz ao Páteo, um terraço em nível mais alto. Um ambiente calmo, com várias mesas e guarda-sóis, boas comidas e bebidas geladas, ideal para uma refeição ou simplesmente petiscar.
Largo do Marquês de Marialva
- Catedral de Évora
Saímos no Largo do Marquês de Marialvasituado na parte mais alta da cidade, onde temos a espetacular Catedral da Sé. Um imponente exemplar arquitetônico do gótico tardio alentejano, dedicado à Virgem Maria. 
Nominada como Basílica Sé de Nossa Senhora da Assunção, é conhecida por Catedral de Évora ou Sé de Évora ou Sé Catedral
Na fachada principal, podemos observar duas torres assimétricas, que tiveram sua construção iniciadas no período medieval, mas só foram concluídas no século XVI. 
A torre sul, a direita, é a torre dos sinos, que ainda tocam e do relógio da igreja.
Na torre norte, com o pináculo coberto por azulejos azuis, ficam os tesouros da Sé, parte do Museu de Arte Sacra da igreja.
Entre as torres uma grande janela com traços góticos.
Catedral; Sé;
Inicialmente, uma modesta igreja construída em 1183. Tendo sida demolida em 1204, para dar lugar a imponente e monumental construção, com ares de igreja-fortaleza, em granito rosa, mas que só foi finalizada em 1250. Ao longo dos anos passou por várias reformas e ampliações.
É considerada uma das mais antigas catedrais do país e a maior Catedral Medieval de Portugal.
O pórtico ogival com seis arquivoltas, na fachada principal da catedral, recebe estátuas dos apóstolos (1330), seis de cada lado, um meticuloso trabalho do Mestre Pêro e Telo de Garcia. Sob a base que sustenta cada apóstolo,  estão esculpidas figuras temáticas alegóricas.
Na fachada principal, há uma  única e pesada porta de madeira, de 1692. A porta almofadada, esculpida em três dimensões, recebe aldrava, ferrolhos e enfeites em metal.
No lado direito da entrada, em um corte da parede, fica um mausoléu que não é possível identificar (infelizmente).
Encontramos a porta fechada, mas depois de circular pela vizinhança, retornamos e a encontramos aberta. Entramos.
No interior da catedral, podemos observar as paredes e estruturas de granito, onde sobressai a influência românica e gótica. Sua planta, em estilo românico com três naves com 80 metros de comprimento, apresenta estruturas e decorações góticas em suas abóbadas e arcos ogivais.
O projeto da capela-mor, tal como existe hoje, apadrinhada por D. João V, é atribuído ao arquiteto e ourives alemão Johann Friedrich Ludwig (1670-1752), conhecido em Portugal como João Frederico Ludovice. O mesmo que projetou a Igreja e Convento de Mafra (antigo palácio real), que ainda não conheci e tenho que conhecer.
Ladeando o altar-mor, podemos observar dois bustos, em mármore branco, que representam São Pedro e São Paulo. Trabalho atribuído ao escultor italiano Antonio Bellini de Pádua, 1734.
Capela e altar-mor são do século XVIII. Uma bela concepção, com muita informação bem ao estilo barroco da época. Quanto mais, melhor. Puro e genuíno barroco português.
A capela-mor é toda ornamentada com diferentes tipos de mármores policromados de várias regiões de Portugal (Évora, Estremoz, Sintra, Borba, Montes Claros, ... 
Mármores juntados e trabalhados de maneira a formar um harmônico e belo conjunto. 
Detalhe do teto abobadado da Capela-mor revestido com mármore rosa (vermelho lioz) e de seus amplos e elegantes janelões que permitem a iluminação natural.
Nas colunas na entrada da capela, podemos observar placas retangulares verticais em mármore ruivina, com fundo claro e veios bem escuros, que se repetem nos painéis inferiores em toda capela.
Sob o órgão e a tribuna, um painel em tonalidade verde com uma moldura em mármore branco esculpida e trabalhada.
Sob os painéis de pintura à óleo, semelhante trabalho é observado em painéis de mármore amarelo de negrais. 
Os adornos escultórios são atribuídos ao italiano Antonio Bellini.
O trabalho é complementado por mármore branco, amarelo e vermelho lioz (com tonalidade rosa). 
O altar-mor é em talha de madeira dourada com pinturas, estilo barroco rococó.
Na capela, nas paredes laterais, podemos observar duas aberturas tipo tribuna. No lado direito, fica a tribuna real, onde os monarcas assistiam aos cultos religiosos. No lado esquerdo, fica um órgão tubular renascentista, atribuído ao italiano Pascoal Caetano Oldovini.
Incomum a localização do crucifixo gigante, em madeira de cedro, denominado como Pai dos Cristos. Ele fica no alto, em destaque, acima do retábulo do altar-mor, autoria do escultor Manoel Dias.
No centro, a pintura a óleo sobre tela, de Nossa Senhora da Assunção é de Agostino Masucci, 1731. Assim como as quatro telas que ficam nas paredes laterais da capela-mor. Estas telas representam a Natividade, a Conceição, a Adoração dos Pastores e a Coroação.
Os dois anjos em adoração, em mármore branco, que ladeiam o crucifixo são do escultor Antonio Bellini, o mesmo dos bustos (1725/1729).
Na nave principal (central), em talha dourada ricamente trabalhada (1690-1700), o Altar da Virgem do Ó ou Nossa Senhora dos Anjos ou Nossa Senhora da Expectação, traz a imagem da Virgem Maria grávida, em mármore policromado. Mais uma vez, o barroco rococó português impera.
Virgem do Ó;
Abaixo, a bela Capela do Santo Cristo.
Um imenso órgão tubular renascentista, do século XVIII, pode ser visto na nave central, próximo ao coro-alto. Está bem conservado, sendo utilizado nos cultos atuais.
A iluminação de dia é obtida pelas várias janelas e rosáceas com vitrais. À noite, é a vez dos lustres brilharem.
Largas e altas colunas, sustentam a estrutura colossal do telhado gótico abobadado.
Na nave principal fica o púlpito renascentista, em mármore, incorporado entre os séculos XV e XVI.
As naves laterais são belos exemplos da arquitetura da Catedral. Ao longo das mesmas muitas maravilhas que merecem apreciação.
No pavimento várias lápides de nobres, em mármore esculpido com o brasão da casa, alguns bem conservados.
Várias telas pintadas a óleo podem ser admiradas nos corredores das naves laterais. Como é o caso da tela intitulada como "Nascimento da Virgem", de Bento Coelho da Silveira, século XVII.
O Coro Alto, na contra-fachada principal da catedral, adicionado entre os séculos XV e XVI, em estilo manuelino, conserva o seu cadeiral renascença original em madeira de carvalho. No fundo a grande janela gótica da fachada, permite uma boa iluminação diurna.
A escada caracol, que leva ao terraço é bem estreita e rudimentar, para alguns pode ser claustrofóbica, mas a vista compensa o incômodo. São aproximadamente 135 degraus. Não, eu não contei. Esta informação me foi passada pela senhora da bilheteria da igreja. E, sim, o ingresso à igreja, é pago. Só é gratuito para os cultos religiosos (sem fotos).
Ir até a Sé e não acessar seus terraços é um crime. 
Daqui você tem uma visão espetacular tanto dos telhados em si, como da cidade e boa parte da região do Alentejo.
Ver de perto as torres da igreja é fascinante. As torres da Sé são maravilhosas e cada qual tem tamanho, forma e estilo único. 
Na segunda imagem da foto abaixo, temos a torre sineira, com formado quadrado, cujo sino  toca durante 15 minutos, quatro vezes ao dia. 
A mais impactante é a Torre-lanterna (zimbório) do cruzeiro das naves, erguida no reinado de D. Dinis, no final do século XIII. Em granito, com formado octogonal, decorada com janelas góticas e coroada com um grande pináculo cônico central, coberto de escamas de pedra. Seu plano superior, apresenta várias pequenas torres que circundam o pináculo central. 
Abaixo, na primeira imagem a torre sineira. Na segunda, terceira e quinta imagem, vemos a torre-lanterna. 
Na última imagem, lado a lado, as duas torres da fachada principal da catedral. A torre à esquerda é a torre sineira, e a torre à direita é a torre do museu de arte sacra. 
No ponto mais alto da colina, os terraços da Sé proporcionam vistas que vão muito além dos muros do sítio histórico, alcançando os campos verdejantes das vinícolas da região.
O piso do terraço é bem rústico, em vários níveis, porém seguro. 
Algumas áreas estavam demarcadas como proibidas para circulação. É só respeitar as placas de isolamento para garantir sua segurança. 
Do terraço, você tem uma linda vista do claustro com seu jardim central e da cidade de Évora.
Foi para o claustro que seguimos.
O claustro em arquitetura gótica, data de 1317-1325. Seus longos corredores, com paredes em granito e arcos góticos dão um ar pesado ao ambiente. É como se o tempo tivesse parado entre suas paredes. Encostado em suas paredes, vários bancos de madeira oferecem um descanso e momento de reflexão.
Em cada quina uma representação dos 4 autores do Evangelho do Novo Testamento, Mateus, Marcos, Lucas e João. Em detalhe, uma das estátuas em mármore dos evangelistas que ocupam os cantos que contornam o jardim interno. trabalho de Mestre Pêro
Vista dos jardins do claustro e parte das torres da igreja. No centro do jardim um antigo poço circular é preservado.
Em alguns pontos do claustro encontramos alguns túmulos dos bispos de Évora. A Capela do fundador (primeira imagem na foto abaixo), é o espaço funerário do bispo D. Pedro IV, cujas esculturas são de autoria de Mestre Pêro.
Outros três monumentos funerários estão dispostos em um dos corredores do claustro.
Voltamos para o interior da catedral.
Para entrar é cobrado ingresso que inclui a igreja, terraços, claustro e museu, mas não conseguimos ver o Museu de Arte Sacra da Sé. Era segunda-feira e estava fechado. Fomos orientados a voltar no dia seguinte com o mesmo ingresso. Por conta de outras atrações de interesse, não encontramos tempo pra retornarmos. 
Laboratório Hercules (Universidade de Évora)
A Universidade de Évora, foi fundada em 1559 sob orientação da Companhia de Jesus (Jesuítas). Atualmente, são vários prédios pertencentes à universidade.
No Século XVI, era tida como a segunda Universidade do país (a primeira era Coimbra).
Laboratório Hercules (CIDEHUS), no Largo de Dom Miguel de Portugal, a poucos passos de distância da Sé, é apenas um dos prédios da Universidade de Évora. 
Fundado em 2009, no Palácio do Vimioso (segunda metade do século XIX), é dedicado à investigação, estudo e valorização do patrimônio cultural, através de metodologias das ciências dos materiais, por técnicos e especialistas de várias áreas (bioquímicos, químicos, geólogos, historiadores, conservadores/restauradores e arqueólogos).
Largo do Conde de Vila Flor
Ao lado do Largo do Marquês de Marialva, fica o Largo do Conde de Vila Flor, antigo Terreiro dos Açougues, onde encontramos várias construções que merecem registro.
- Museu de Évora
Saindo da catedral um descanso merecido em um dos bancos do largo, na lateral do Museu de Évora, é um museu nacional situado em pleno centro histórico. Inaugurado em 1840, no Palácio Amaral, antigo Palácio Episcopal, junto da Sé Catedral de Évora, entrada pelo Largo Conde de Vila Flor.  
Abaixo, a fachada principal do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, vulgarmente conhecido por Museu de Évora, no Largo Conde de Vila Flor. Fundado em 1840, possui coleção de arqueologia, arte e espólio dos antigos conventos de Évora, além de exposições temporárias. Como era uma segunda-feira, estava fechado, como a maioria dos museus da cidade.   
O prédio ao lado do Museu Nacional é a Biblioteca Pública de Évora, fundada em 1805 pelo arcebispo D. Frei Manuel do Cenáculo. O prédio da biblioteca, originalmente, era o Colégio dos Moços do Coro da Sé. A coleção da biblioteca é estimada em 50.000 livros e 500.000 manuscritos. 
Antigamente, os prédios da biblioteca (antigo Colégio) e do museu (antigo Palácio Episcopal), eram unidos por um passadiço, tipo corredor, sobre um arco. Em 1883, a passagem que ligava os prédios foi fechada, permanecendo o arco.
O arco que unia a biblioteca ao museu, conduz do Largo do Conde da Vila Flor ao Largo Mário Chicò, onde se tem um ângulo diferente da Catedral da Sé, com a visão da fachada lateral e posterior. Vale uma rápida circulada para conhecer. 
No Largo Mário Chicò, um largo pórtico de pedra com portão de ferro, conduz ao Páteo de São Miguel, que é o pátio do Palácio dos Condes de Basto, atualmente sede da Fundação Eugénio de Almeida e residência da Sra. D. Maria Teresa Eugénio de Almeida. No local, uma pequena esplanada com cafeteria e boas vistas da cidade. Visita paga que inclui o museu das carruagens, Capela de São Miguel e visita ao arquivo/biblioteca. Não visitamos. 
Abaixo, a fachada principal do Centro de Arte e Cultura (Fundação Eugénio de Almeida), antigo Palácio da Inquisição, onde ocorrem exposições temporárias de arte contemporânea, abrangendo pinturas, fotografias, esculturas, ... 
"É o passado abraçando o tempo presente. E, o presente, em formas e cores, acalmando as dores do passado." (T.Cintra)
Ao lado do centro de arte, fica a Enoteca Cartuxa, uma encantadora taberna, estilo wine bar, onde se pode degustar vinhos da adega da vincula, acompanhados por pratos da gastronomia alentejana. Na loja, vinhos e azeites da marca Cartuxa.
O Centro de Arte e Cultura, além das exposições temporárias, uma vez por mês, acolhe o Grupo de Origami de Évora. Uma arte milenar japonesa de dobradura geométricas em papel, criando representações de objetos, animais ou pessoas. Nesta técnica o papel não é cortado ou colado. Abaixo, alguns trabalhos do grupo.
- Templo Romano de Évora ou Templo de Diana
No centro do Largo do Conde de Vila Flor, ruínas do tempo romano, inseridas entre os casarios portugueses, atraem os olhares. 
São as ruínas em granito e mármores do Templo Romano de Évora, do século I d.C., conhecido como Templo de Diana
Apesar de ser denominado com Templo de Diana, foi uma homenagem ao Imperador Augusto e não à deusa romana da caça, Diana. Esta designação só ocorreu a partir do século XVII e perdura até os dias atuais.
Exemplar da arquitetura religiosa romana, como parte de um fórum romano, possui planta retangular (25 x 15 m) e 14 colunas coríntias em mármore e granito. No passado, eram 26 colunas e o templo era rodeado por um espelho d'água.
No século V, o templo foi parcialmente destruído pelos povos bárbaros. Entretanto, ainda mantém seu impacto sobre os visitantes. Afinal, esta é parte de uma construção com mais de 2000 anos.
Ao longo de sua história, foi palco para muitas utilidades, inclusive matadouro e açougue municipal. Em 1870, o arquiteto italiano Giuseppe Cinatti, restaurou o templo e retirou as paredes, liberando as colunas remanescentes.
Em 1910, foi considerado Monumento Nacional e, em 1986, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
- Jardim Diana
Em frente ao Templo de Diana fica o Jardim Diana, com quiosque e miradouro. 
No centro do jardim, fica um monumento de 1908, ao dr. Francisco Barahona
O jardim é bem cuidado, com muitos bancos para descansar e relaxar. 
- Miradouro do Jardim Diana
Na entrada do Miradouro do Jardim Diana, a estátua contemporânea em homenagem ao amor.
Do miradouro, você tem lindas vistas da cidade, de dia ou de noite. Vejam que linda panorâmica da zona norte da cidade e parte do Alentejo. Na primeira linha de visão, vemos a Rua do Menino Jesus, com a Torre das Cinco Quinas no canto direito da foto. Torre que faz parte do Palácio Cadaval.

As casinhas brancas com telhados com telhas de cerâmica, são típicas em muitas cidades portuguesas.
Na foto abaixo, a primeira imagem é do IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional)

A rua lateral, à esquerda do miradouro, é a Rua Francisco Soares Lusitano com a Caixa d’água de Évora e o Prédio do Ministério da Administração Interna e Comando da Polícia de Évora. Ao fundo, parte traseira do Centro de Arte e Cultura - Fundação Eugénio de Almeida


De frente para os Jardins de Diana, fica o Palácio dos Duques de Cadaval, Palácio da Torre das Cinco Quinas ou simplesmente Palácio Cadaval, pertencente à família dos duques de Cadaval, desde sua construção até os dias atuais.


Construído no século XIV, sobre as ruínas de um castelo mouro que teria sido incendiado em 1384, durante uma revolução pelos seguidores de D.Juan, mestre de Avis. 
Ao longo dos séculos o castelo sofreu diversas reformas e acréscimos, tornando sua arquitetura uma mistura de estilos mudéjar, gótico e manuelino. 
Serviu como moradia temporária dos monarcas portugueses Dom João II, Dom João IV e Dom João V, no período áureo de Évora.


Além da área residencial com vários pisos, o castelo possui dois jardins e uma igreja com convento. É residência da atual Duquesa Cadaval e sua família, que abre uma pequena parte para eventos e visitação pública, além de uma esplanada com restaurante.
Não visitamos o Castelo, que tinha acabado de fechar. Mas, pelo portão de acesso, consegui tirar algumas fotos de um dos jardins e zona de eventos. Trata-se da esplanada onde funciona o Restaurante Buffet Jardim do Paço
No largo, de frente para o templo romano e ao lado do Castelo Cadaval, fica o complexo Igreja e Convento de Loios, exemplos do gótico-mudéjar e manuelino.
A área do antigo convento, foi transformada em pousada e, segundo consta, os hóspedes dormem nas antigas celas e fazem as refeições no claustro. O restaurante de luxo é aberto ao público.
A atual fachada do convento data de 1749/54 e sofreu influência do neoclassicismo introduzido pelo arquiteto alemão Johann Friedrich Ludwig (Ludovice). 
A Igreja do Palácio Cadaval, também conhecida como Igreja de Loios ou Igreja de São João Evangelista, foi construída em 1485, por D. Rodrigo Melo, 1º Conde de Olivença e guarda-mor do rei D. Afonso V. 
A igreja além de servir aos cultos religiosos, foi fundada para ser a jazida perpétua da família e, é propriedade particular do ducado de Cadaval.
No alto da fachada, o frontão triangular trabalhado, é ornamentado com uma águia esculpida, símbolo da Ordem de São João Evangelista.  
Reparem na ampla e única janela rasgada da fachada, com gradil em ferro e moldura de estuque. Esta janela possui a função de iluminar a área destinada ao coro alto, no interior da igreja. 
Abaixo da janela, um discreto e pequeno nicho gótico, onde possivelmente ficava a imagem do santo padroeiro.
Igreja do Palácio Cadaval;
Na parede, à esquerda do portal de entrada, fica a lápide gótica em forma de baldaquino com a inscrição de sua fundação e brasão do fundador, D. Rodrigo de Melo, 1º Conde de Olivença. 
O belíssimo pórtico gótico, com cinco arquivoltas, do final do século XV, é um convite para entrarmos. Entramos. A porta almofadada, do século XVII, foi feita com madeira proveniente do Brasil, segundo nos informaram.
 Não é gratuito. Foram 4 euros para visitar apenas a igreja, 7 euros se for visitar igreja e museu (maio 19). O museu estava fechado, então vimos apenas a igreja.
Igreja do Palácio Cadaval;
Se por fora, a igreja é bela, o seu interior, ricamente decorado, é esplendoroso. A única nave retangular possui abóbada com nervuras góticas e paredes decoradas com azulejos portugueses azul e branco.
A nave possui 24,40 m de comprimento, 6,20 m de largura e 12,62 m de altura.
Igreja do Palácio Cadaval;
Vejam os detalhes da abóbada com nervuras góticas da nave.
No piso de toda a igreja ficam vários túmulos antigos, com tampo epigrafados. A maioria em mármore branco regional. Outras poucas em granito.
Na nave, à direita, fica o púlpito circular do pregador, em mármore branco.
Igreja do Palácio Cadaval;
Mais estreita que a nave, a capela-mor possui, antes da entrada, um lindo trabalho de azulejaria e pórtico em arco ogival, de granito, com a mesma altura que o teto abobadado com nervuras do recinto.
O atual retábulo do altar-mor (século XVII), substituiu o antigo altar gótico.
Igreja do Palácio Cadaval;
Vejam um detalhe do retábulo em madeira dourada da capela-mor, em estilo maneirista (transição da renascença para o barroco), data de 1630. 
As imagens em madeira, entre colunas e sobre uma base talhada, são dos santos São João Evangelista, fundador da congregação do mesmo nome e São Lourenço Justiniano, fundador da Ordem de Santo Eloi.
As paredes laterais da capela-mor são forradas com azulejos policromados com desenhos geométricos, tipo tapete. 
A sacristia da igreja, acessada por uma porta na parede lateral direita da capela-mor, foi anexada ao museu do complexo que estava fechado e não o visitamos. 
Igreja do Palácio Cadaval;
Abaixo, a tribuna privativa dos padroeiros, com conexão direta com o Palácio Cadaval, de onde os monarcas portugueses (durante estadia em Évora) e proprietários do complexo, assistiam ao culto religioso. Construída em estilo barroco, no final do século XVII, pelo 1º duque de Cadaval, D. Nuno Álvares Pereira de Melo.
A tribuna é um espetáculo por si só. Um balcão de balaústres de mármore branco, apoiado em três suportes trabalhados em baixo-relevo. Sobre o parapeito do balcão, um dossel de talha dourada e esculpidas. No frontão da tribuna, o brasão coroado dos titulares da Casa de Cadaval, ladeado por anjos. 
Igreja do Palácio Cadaval;
Uma capela, na lateral esquerda, erguida para ser, inicialmente, a capela tumular de D. Manuel, sendo em 1749, transformada em Capela do Santíssimo Sacramento.
O altar da Capela do Santíssimo, tem um belo trabalho em madeira talhada e dourada, estilo barroco rococó, datada do século XVIII. No centro um belo crucifixo em madeira.
Nas paredes laterais e no chão desta capela, alguns túmulos de nobres de Évora. Os mais edificantes, ficam nas paredes laterais. À esquerda, o mausoléu de D. Francisco de Melo, filho de D. Manuel de Melo. À direita, o mausoléu de D. Manuel de Melo, atribuído ao escultor francês Nicolau Chanterene, entre os anos de 1536-38. Ambos em mármore.
Igreja do Palácio Cadaval;
As paredes da nave da igreja são cobertas com azulejos portugueses monocromáticos em azul e branco, formando maravilhosos painéis, trabalho atribuído ao pintor Antônio de Oliveira Bernardes, 1711. São sete painéis que contam a história de São Lorenzo Justiniano, patriarca de Veneza e fundador da congregação dos Loios (Santo Eloi).
Igreja do Palácio Cadaval;
Além dos imensos painéis, podemos ver algumas barras barrocas com flores, vasos, balaústres, crianças com cestas de flores na cabeça, querubins e águias da simbologia monástica. 
Igreja do Palácio Cadaval;
Esta igreja, como a maioria dos prédios históricos, passou por reparos e restaurações ao longo dos anos. Os motivos foram os mais variados. Necessidade de ampliação, reformas de manutenção, danos por terremoto (1755), ...
A última restauração ocorreu entre 1957 a 1958, pelo 10º Duque de Cadaval, D. Jaime de Cadaval.
Igreja do Palácio Cadaval;
Em vários pontos do pavimento da igreja, ficam os túmulos e lápides dos Duques de Cadaval, Condes de Oliveira, Condes de Tentúgal e Marqueses de Ferreira, de várias gerações, desde o século XV. 
Igreja do Palácio Cadaval;
No piso da igreja, podemos observar, através de uma grade de ferro, uma antiga cripta com ossos dos antigos frades da Ordem de Santo Eloi. 
Próximo à cripta, no corredor central, um alçapão mostra uma antiga cisterna, parte do antigo castelo árabe.
Abaixo, no subcoro, acessada por um portal gótico de arco abatido e emoldurado por colunas, fica a Capela de Nossa Senhora do Rosário, mausoléu de D. Rui de Sousa, progenitor do Condado do Prado. 
Em uma das paredes fica um altar de madeira dourada com alguns entalhes e colunas estilo coríntiodo classicismo final em colunata do estilo coríntio, da década de 1620
No centro, em um nicho, a imagem de N. S. do Rosário, em madeira, datada do século XVII. 
Ao redor e abaixo da imagem, pinturas a óleo sobre madeira e tela, com temática alusiva à N. S. do Rosário e N. S. da Conceição.
Igreja do Palácio Cadaval;
Ao lado do altar, sobre uma coluna, uma estatueta de Maria com Jesus criança, intitulada como "A Virgem com o Menino", com 65 cm de altura, em pedra de ançã (calcário fino de textura macia e coloração clara), século XV.
Os azulejos que recobrem meia parede desta capela, são mais antigos que os da nave da igreja, provavelmente do século XVII. Em alguns pontos, necessitam de reparos. Mas, é isto que os tornam tão preciosos e históricos. 
No pavimento ficam as sepulturas de D. Rui de Melo, esposa e nora.
Igreja do Palácio Cadaval;
Contínua à capela, fica uma singela capela erguida pela 8ª duquesa de Cadaval, Maria Graziella Zileri del Verme degli Obbiz, em memória da morte de seu filho D. Nuno Maria José Caetano Alvares Pereira de Mello, 9° duque de Cadaval, falecido em 1935. Esta capela, denominada como Capela de Nuno, passou a ser a capela privativa da Duquesa de Cadaval, onde realizava suas orações diárias. 
Na capela encontramos outra escultura da Virgem com o Menino, trata-se de N. Senhora dos Remédios ou N. Senhora dos Açougues (assim designada por ter permanecido no Templo Romano no período que este foi usado como açougue público), em mármore branco, século XVI.
Capela de Nuno;Capela de Nuno;Capela de Nuno;
Aqui, em um expositor de vidro, podemos ver alguns objetos sacros da igreja.
Abaixo, a vista da contra fachada principal, com o coro em plano superior, coro-alto, onde fica o órgão tubular (1730/32). Uma balaustrada de mármore branco, protege a área do coro.
Lamentavelmente, não acessamos a área do coro-alto.  
Nesta foto é possível ver um pouco do teto da nave, abobadado com nervuras góticas. 
Seguimos para a Rua do Menino Jesus, aquela que vimos do alto do mirante do Jardim de Diana. Ao chegarmos na rua, dobramos à nossa esquerda. 
Caso tivéssemos dobrado à direita, e seguido pela Rua Duque de Cadaval, até o Largo do Colégio, chegaríamos na Igreja e Colégio do Espírito Santo. No colégio do Espírito Santo, fica o prédio principal da Universidade de Évora, considerada a segunda universidade mais antiga de Portugal. Ficamos de voltar depois, mas não retornamos. 
O prédio que aparece na foto abaixo, faz parte do Comando Distrital de Évora (Guarnição Policial).
Os jardins pertencem à Estação Elevatória de Évora, cujo prédio original transformado em um Museu, em 2004, conta a história do abastecimento hidráulico em Évora. 
Abaixo, os jardins da fachada da Estação Elevatória de Évora. 
No prédio com estrutura circular, na esquina, funciona uma das lojas MEO, uma das mais importantes operadoras de telecomunicações de Portugal, com diversas lojas espalhadas pelo país. Neste prédio (antigo convento do Salvador do Mundo), funciona um banco e uma agência de correios (CTT), com entrada pela rua de trás.
Entre a Estação Elevatória de Évora e o prédio da MEO, fica o Arco Romano de D. Isabel, uma das portas da antiga muralha romana, em granito. Parte da primeira muralha, desativada com a expansão da cidade. Datada como sendo do final do século II e início do século III, possui imenso valor histórico-cultural.
Passando pelo Arco Romano, dobramos na primeira rua à direita, Rua de Olivença, e chegamos em uma bonita e agradável praça, a Praça do Sertório.
Praça do Sertório
No meio da praça, o nome da cidade em arte contemporânea. Difícil de resistir. Se é turista, tem que fotografar. kkkkk. 
- Igreja e Convento do Salvador do Mundo
Em um dos cantos da praça, a Igreja e Convento do Salvador do Mundo. Inaugurada em 1610, para abrigar as freiras Clarissas da Ordem Franciscana. 
No final do século XIX, com a expulsão das ordens religiosas e, posteriormente, fim da monarquia (1910), o convento foi fechado e usado como quartel de artilharia, sendo demolido na década de 1940. 
Onde era o antigo convento, foi construído o edifício da loja MEO, o CTT (Correios, Telégrafos e Telefones) e uma pequena rua (Rua de Olivença). 
Restaram apenas a Igreja, a Torre e uma pequena parte do Claustro.
Atualmente, esta pequena igreja barroca, é um museu, com o interior todo revestido de azulejos pintados, talhas douradas e afrescos. Não entramos, estava fechada.
A antiga torre, junto à igreja, possivelmente do tempo dos visigodos na região, foi incorporada ao convento e usada como mirante.
A igreja e a torre, são considerados monumentos de Évora.
- Câmara Municipal de Évora
Paços do Concelho ou Câmara Municipal de Évora o ou Conselho Municipalocupou, ao longo de sua história, vários endereços.
Inicialmente, o Concelho Municipal funcionava no alpendre da Porta do Sol da Sé. Passando para o Largo dos Açougues, junto do Templo (local que, no século XVII, foi edificado o Colégio dos Meninos do Coro).
Mais tarde, transferido para a Praça Maior (Giraldo), (1513-16), sendo demolido no final do séc. XIX, para receber a agência do Banco de Portugal.
Finalmente, transferido para a Praça do Sertório, no antigo Palácio dos Martins da Silveira, solar do Conde de Sortelha, funciona o atual Paços do Concelho, de 1881/1882 até os dias atuais.
Em 1882, a construção foi remodelada para adaptar-se à nova função como prédio público. Mas, foi apenas em 1908, que iniciaram as reformas mais drásticas e efetivas. Projeto do arquiteto lisbonense Alfredo da Costa Campos, em parceria com os construtores D. Argente e Gabriel Mendes.
A construção, além de ser palco político de importantes decisões para a cidade e moradores, encanta pela estrutura e arquitetura.
No topo da edificação fica o antigo brasão de armas representando Giraldo Sem Pavor, que conquistou Évora aos mouros (1167).
Embora seja um prédio de departamento público, permite visitação gratuita em parte de suas dependências. Entramos.
Uma linda escadaria em mármore com grades em ferro forjado, no átrio central, conduz ao primeiro andar da edificação.
Sobre uma coluna o busto de Vasco da Gama (1468? - 1524), lembra o período áureo da navegação e conquistas portuguesas.
No primeiro andar ficam os acessos para o Salão Nobre e o Salão dos 16 leões.
Os corredores que contornam a escadaria, recebem pavimento cerâmico branco e preto, além de lindas poltronas de época, estofadas de vermelho.
Na área central sobre a escadaria e corredores adjacentes, fica uma imponente, moderna e bela cobertura, do início do século XX.
Trata-se de uma cobertura metálica em ferro, projetada pelo arquiteto Alfredo da Costa Campos, e inspirada nas obras do engenheiro francês Eiffel.
Depois de circular pelo primeiro andar, seguimos para o térreo, onde descobrimos uma maravilha dos tempos romanos em Ebora Liberalitas Iulia, atual Évora. 
No ano de 1987, durante obras, na área do arquivo no piso térreo, acidentalmente,  estruturas arqueológicas do período romano foram descobertas. Estruturas que faziam parte das Termas Romanas, destinadas aos banhos públicos, construídas entre os séculos II e III.
Termas Romanas;
As termas romanas eram divididas por áreas conforme sua finalidade:
Natatio (piscina ao ar livre); Praefurnium (fornalha); Caldarium (compartimento de banhos quentes); Laconicum (banhos de água quente e de vapor). 
Apenas a Praefurnium e Laconicum estão abertas ao público para visitação.
A área abaixo, parcialmente escavada, corresponde ao Praefurnium, um espaço onde ficavam as fornalhas a lenha, para o aquecimento do ar e das águas para os tanques/piscinas e espaços aquecidos (saunas).
Termas Romanas
Nesta escavação arqueológica, entre os achados históricos, figuram alguns vasos cerâmicos da época romana, ou pelo menos seus fragmentos.
Termas Romanas
Abaixo, a sala circular com 9 metros de diâmetro e com teto abobadado nervurado e estrelado, denominada como Laconicum, onde funcionava os banhos quentes e de vapor. Era a sala com a temperatura mais elevada.
Termas Romanas;
O tanque circular com 5 metros de diâmetro era escavado no chão e revestido com mármore. Está situado no centro da sala e possui três degraus, que eram usados para acessá-lo e acomodar as pessoas. 
Termas Romanas;
Entre os romanos, as termas públicas não serviam apenas para a higiene pessoal. Era também um lugar de tratamento de saúde, convivência social, política e comercial.
Termas Romanas;
Uma preciosidade de aproximadamente 300 m², aberta à visitação gratuita e com direito a panfleto sobre as Termas Romanas. Basta entrar no prédio da Câmara Municipal pelo acesso principal e se informar na recepção no hall principal. O que mais estranhei foi a ausência de turistas neste espetacular espaço. Desconhecimento? Falta de divulgação?
Termas Romanas;
Na saída da Câmara Municipal, no corredor que leva aos banheiros, uma curiosa exposição temporária intitulada "Em cena". São fotos de ambientes e cenas teatrais dos alunos do Curso Profissional de Artes do Espetáculo/Interpretação de uma escola secundária.
Igreja de São Thiago
Depois desta linda praça, seguimos pela Rua de São Tiago até o Largo de Alexandre Herculano, onde encontramos uma pequena igreja. Igreja de São Thiago ou Igreja de Santiago. Reconstruída no século XVII, em substituição ao templo de 1302. 
Igreja de Santiago; São Thiago;
Uma singela e pequena igreja que pode passar despercebida em meio às construções de maiores interesses.
Possui uma austera fachada com duas torres sineiras e uma escadaria que conduz ao único pórtico principal (existe outro na lateral pela capela de Santa Ana).
As janelas, retangular e circular, da fachada são as únicas fontes de luz natural para a igreja.
No frontão, uma imagem de São Tiago (Santiago) esculpida.
 
A porta lateral, que acessa a igreja pela Capela de Santa Ana, estava aberta. Não resisto a uma porta aberta, entrei esperando encontrar um interior compatível com o exterior. Simples e austero. Eu estava totalmente enganada. O interior é pomposo e exuberante em detalhes, predominando o barroco, estilo da época. Não tem espaço que não seja decorado. Você fica totalmente sem palavras. 😶 
Amei. 😍😍😍 
Esta igreja faz parte da Rota do Fresco Barroco de Évora. E, mais uma vez, eu pergunto: Onde estão os turistas? 
O interior com nave única. A abóbada é totalmente pintada a fresco com elementos sagrados e profanos. As paredes laterais recebem belos painéis de azulejos com cenas bíblicas, do ceramista Gabriel del Barco.
Na capela-mor, o retábulo de talha dourada barroca complementa o ambiente e estilo da igreja. Os azulejos da capela-mor são de Oliveira Bernardes.
Em várias partes, os azulejos necessitam de reparos urgentes, mas isto não tira o impacto que a igreja causa no visitante.
O acesso é gratuito, mas para fotografar tem que pagar. Uma maneira de diferenciar o turista daquele que vem rezar.
Travessa do Sertório
Voltei para a Praça do Sertório e segui pela Travessa do Sertório. (Mas, você pode seguir pela Rua Nova que irá chegar no mesmo ponto na Tv. do Sertório).
Sertório;
No cruzamento da travessa do Sertório com a Rua Nova de Santiago, a antiga caixa d'água renascentista. Construída em 1537, como parte do Aqueduto de Prata, com doze colunas toscanas distribuídas em suas faces. Atualmente, com construções incrustadas na caixa d'água, apenas sete das colunas e dois lados estão visíveis. A sensação é de abandono, mas parece que ainda funciona.
Erroneamente, alguns consideram a construção como do tempo romano, por estar na área da antiga cerca romana e próxima de uma torre romana que veremos em seguida.
 
No mesmo cruzamento, temos a Torre de Sisebuto, uma torre quadrangular construída pelos romanos no século III, como parte da primeira muralha da cidade. O nome vem do rei visigodo Sisebuto, por atribuição indevida. 
No século XX, foi incorporada ao Paço dos Melo de Carvalho. Atualmente, faz parte de um hotel.
Se você seguir a estreita rua por baixo do arco, irá chegar na Fábrica dos Pastéis, onde poderá se deliciar com um delicioso pastel de nata, tão bom como o de Belém, entre outras guloseimas. Uma merecida pausa para um café.
 
 Caso queira algo mais substancial, olhe no mapa. Você está a poucos metros da Praça do Giraldo, onde existem vários restaurantes e bares nos arredores. Aliás, passaremos por esta praça para seguirmos para a nossa próxima atração.
Igreja de São Francisco
A partir da praça do Giraldo, você pode seguir dois caminhos para a praça 1º de Maio. O primeiro pela Rua da República. O segundo pela Rua Romão Carvalho. 
Na praça 1º de Maio, fica o Convento e Igreja de São Francisco, em arquitetura gótico-manuelina, construída de 1480 a 1510, no lugar de outra igreja monástica do século XIII. A antiga igreja, em estilo gótico, possuía três naves, com capelas comunicantes entre si. A atual, em planta retangular em cruz latina, possui uma única nave com 36 metros de comprimento e 12 metros de largura.
Igreja; São Francisco;
Na construção participaram os arquitetos Martim Lourenço (1507-1524); Pero de Trilho, (período indefinido); Diogo de Arruda (1524-31); Francisco de Arruda (1531-47) e Diogo de Torralva (1548-56). 
A igreja foi restaurada recentemente, entre 2014 a 2015, um extenso e complexo trabalho de recuperação e restauração, que valeu a pena. 
Fachada branca com granito, arquitetura em estilo manuelino com influências góticas, arrematada com ameias.
A entrada principal é protegida por galilé em arcos, cuja cobertura forma uma ampla varanda superior.
A única e imensa janela no alto da fachada principal, no passado recebia um colorido vitral do pintor Francisco Henriques. 
A torre sineira não é visível na fachada. No alto, uma única e singela cruz cristã. As quinas do prédio recebem arremate de torrinhas cilíndricas coroadas com pináculos cônicos em espiral. Uma construção bonita, mas que não se parece com as construções religiosas da época.
No período áureo de Évora, quando frequentada pelos reis de Portugal, a corte real ficava hospedada no convento da igreja. Época que a igreja recebeu o título de Capela Real. O Escudo Nacional Português e os Emblemas Régios de D. João I (pelicano) e D. Manuel I (esfera delta ou esfera armilar), esculpidos em alto-relevo em calcário, podem ser vistos acima do portal principal da igreja e no altar-mor.
O portal germinado manuelino é contornado por colunas trabalhadas em mármore, século XVI. Uma entrada digna de reis.
As portas, em madeira ligeiramente esculpidas, são do final do século XVIII.
A igreja estava aberta, então, ..., entramos. 
A entrada para a igreja é gratuita.Mas, outros espaços do Complexo de São Francisco, como o museu, coleção de presépios e a capela dos ossos são acessados por uma porta lateral, mediante compra de ingresso. Na época, maio 2019, pagamos 5 euros cada um.
No interior da igreja, de planta retangular em cruz latina e única nave, o gótico se mescla com o barroco. 
A construção no estilo igreja-salão, apresenta oito pilares de sustentação em cada lado. Mas, não aquelas largas e longas colunas centrais de sustentação que vemos em algumas igrejas.
No final da nave única, fica a capela-mor de planta retangular. A parede de fundo, que forma o altar-mor, é toda trabalhada em mármores coloridos da região. Este retábulo é datado do final do século XVIII. Lindo!
Em vários pontos do pavimento, encontramos lápides de nobres e sacerdotes, em granito ou mármore. Algumas simples e ilegíveis, outras com brasões.
No alto da entrada para a capela-mor, o Escudo Nacional Português e os emblemas régios de D. João I e D. Manuel I, os mesmos vistos na entrada da igreja
O projeto da Capela-Mor é do arquiteto espanhol Pero de TrilhoReparem no teto ogivado e abobadado, com nervuras estrelada, finalizadas por medalhões arredondados nos cruzamentos.
O retábulo atual (1773), em mármore policromado da região alentejana e de Sintra e Pero Pinheiro, substituiu o antigo com pinturas renascentista, este transferido para os Museus de Évora e da Arte Antiga.
Ladeando o Cristo crucificado, as imagens sacras de São Domingos de Gusmão e São Francisco de Assis, com 2 metros de altura cada, em madeira policromada estofada e douradas (1783). 
Observe o cadeiral do coro e o órgão tubular da capela-mor. 
O cadeiral dos monges, que compunham o coro da igreja, em madeira de carvalho, disposto em dois andares, é decorado com pinturas, nos encostos, representando santos franciscanos. 
Embora, o cadeiral seja do século XVII, as pinturas são de 1782.

O órgão tubular de talha dourada (1764) é atribuído ao organeiro genovês De Pascoal Caetano Oldovini. Sua caixa  é lindamente decorada. Os tubos que compõem o órgão foram retirados para manutenção.
Aqui vai uma curiosidade: As janelas da igreja eram decoradas com vitrais coloridos, pelo pintor Francisco Henriques, datados de 1527. Segundo consta, no ano de 1870 ainda existiam alguns vitrais. Na capela-mor, duas longas frestas verticais nas paredes laterais levam vidros coloridos, mas não são daquela época, são mais modernos.
A capela no transepto à esquerda de quem entra, é estupenda e majestosamente decorada. É a Capela da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência ou Capela do Bom Jesus, Capela do Evangelho.
Contornando as paredes laterais, grandes painéis em pintura e azulejos que retratam a vida dos franciscanos. Os azulejos brancos e azul, são da oficina de Antônio de Oliveira Bernardes (1735).
Os painéis, de pintura e azulejos, recebem molduras ricamente talhadas.
Pinturas, madeira talhada e dourada, azulejos portugueses, estatuetas, luminárias ... Não há espaço que não tenha sido decorado. Um conjunto artístico primoroso. Na minha modesta opinião é a capela mais linda da igreja.
É o barroco português no sentido amplo do conceito. Uma riqueza sem igual.
Abaixo, o teto da capela, abobadado com nervuras e,  nos cruzamentos, ornamentos arredondados de pedras pintadas e douradas.
No pórtico que contorna a entrada para o altar da  capela da Ordem Terceira, um lindo retábulo de madeira talhada e dourada, estilo de transição barroco-rococó. 
No alto do pórtico, podemos observar um medalhão central, em baixo-relevo e policromado, representação do Criador (Deus). O medalhão está rodeado por vários anjos e querubins. Aliás, anjos é o que mais tem neste altar.
Ladeando o Cristo Crucificado, entre colunas trabalhadas, as imagens sacras dos santos São Francisco de Assis e Santa Rosa de Viterbo.
O altar, propriamente dito, fica em uma concavidade com paredes e teto completamente forrados de talha esculpida e dourada.
No centro, o trono de andares, apoia o crucifixo, arrematado por uma coroa suspensa por dois anjos. Nos andares do trono, seis anjos velam o Cristo crucificado. Crucifixo, Cristo e anjos são de madeira esculpida e policromada.
Vejam os detalhes do altar desta capela. Trabalho minucioso e muito ouro, atribuído ao entalhador Manuel Nunes da Silva (1727).
São tantos detalhes e pormenores que eu fiquei perdida sem saber para onde olhar. Na dúvida, procurei registrar o máximo possível.
As pinturas da igreja são atribuídas aos pintores régios Francisco Henriques, Jorge Afonso e Garcia Fernandes.
Na capela da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, uma porta de madeira maciça, leva à Antessala e Sala de Ordenanças (Casa de Despacho ou Sala do Consistório) que fazem parte das antigas dependências da irmandade, ou pelo menos do que sobrou da mesma.
Abaixo, um pouco da Antessala da Sala de Ordenanças.
A entrada para a Sala de Ordenanças ou Sala do Consistório, através de portal de granito de cornijas salientes sobre a qual uma pintura pintada a fresco, traz as armas da Ordem Terceira amparadas por serafins e a legenda latina: ARMA MILITAE NOSTRA. 
O acesso para o interior da sala é bloqueado, mas da entrada você pode observar e admirar a decoração do ambiente. É só ter um pouco de paciência e esperar a sua vez.
Sala retangular, com interior ricamente decorado. As paredes laterais recebem lambris em azulejos azul e branco, do início do século XVIII. 
A mesa e cadeiral dos mesários, são de madeira de carvalho em formato elipse.
No fundo da sala um retábulo de madeira talhada e dourada. 
Nas paredes laterais, ficam nichos intercalados por falsas janelas de um lado (lado esquerdo) ou janelas verdadeiras do lado contrário (lado direito). Os nichos são decorados ao estilo do ambiente e época, e recebem trabalho de talha dourada acima dos mesmos. Nestes nichos ficam imagens de santos padroeiros da irmandade, em madeira (armação de roca) e vestimentas padrão da época: Santa Margarida, Santa Rosa de Viterbo, Santa Isabel de Portugal, S. Luís Rei de França, S. Roque e Santo Ivo  
A abóbada da sala recebe uma pintura a fresco que proporciona um belo efeito de perspectiva e profundidade, datada de 1776.
Em detalhe, o belíssimo altar da sala esculpido em madeira e totalmente recoberto em ouro, século XVIII. Belíssimo. 
No nicho do altar, uma imagem sacra policromada.
Altar colateral
Na parede lateral da entrada para a capela-mor, estão dois altares colaterais, que foram modificados, dourados e finalizados em 1758, substituindo os anteriores de 1508.
São iguais na concepção e execução em estilo baldaquino (espécie de dossel). Porém, os painéis pintados e a imagem sacra diferem em cada altar, de acordo com o titular a que se referem.
- O Altar Colateral de Nossa Senhora da Conceição, no lado do Evangelho, cuja imagem data do século XVII.
Ladeando a imagem, os painéis pintados em madeira de Santo António Pregando aos Peixes e S. Francisco Recebendo os estigmas.
Na parte inferior do altar, os painéis com os santos S. Bernardino de Siena e Santa Clara. No centro, em retábulo com moldura esculpida e dourada, temos o Ecce-Home, apenas o busto.
Aos pés deste altar, a lápide em mármore dos beneficiadores João Afonso de Aguiar e esposa (1485) e posteriormente Duarte de Moura.

- O Altar Colateral de Nossa Senhora do Amparo, no lado da Epístola.  
No painel central, as pinturas de São Miguel e Anjo Custódio de Portugal. Na parte inferior do retábulo, os santos São Paulo Eremita e São Jerônimo
Aos pés do altar, a lápide (granito)  de Sancha Anes (1371).
Ambos altares colaterais são em madeira dourada e esculpida, com nicho envidraçado. O nicho expõe imagem sacra (armação de roca) com vestes em tecido, ao estilo barroco. Painéis pintados em madeira (carvalho) complementam os altares. 
Os painéis são atribuídos aos pintores renascentistas, Cristóvão de Figueiredo e Garcia Fernandes (1535/1540).
ÉVORA, Portugal
A Capela no braço direito do transepto, lado da Epístola, é a  capela da invocação do Calvário, denominada como Capela do Senhor Morto ou Capela da Paixão de Cristo, pela qual se tem acesso à sacristia e a Sala do Capítulo/Capela dos Ossos.
Capela construída por doação de Francisco Borges de Figueiredo e esposa, tornando-se como capela tumular de seus doadores.
 
O Altar desta capela, contém um retábulo maneirista com seis painéis pintados com cenas dos tempos finais de Cristo entre os homens. Retratam a Flagelação, Beijo de Judas, Cristo com a cruz, Senhor da Coluna, Ecce Homo (Eis o Homem) e Pietá. Obra atribuída ao pintor Francisco João 1575.
 O retábulo do altar desta capela ficava, originalmente, no altar-mor do Convento das Graças.
Nos nichos laterais, as imagens sacras em madeira  de São Nicolau de Tolentino e Santa Catarina de Sena, do século XVIII.
A porta, à esquerda do altar, leva direto à Sala do Capítulo, ligada à Capela dos Ossos. Mas, este acesso fica permanentemente fechado. Para acessar esta área, você deve sair da igreja e se dirigir a uma porta lateral externa.
Detalhe da escultura do Cristo Morto, sob a mesa do altar.
Arcos góticos, rasgados nas paredes laterais da nave, formam as capelas laterais com pequena profundidade. Seus altares, dedicados a vários santos, merecem atenção pelos trabalhos talhados em madeira e lindas imagens sacras. A maioria destas capelas foram construídas com donativos de nobres que tinham as capelas como sepultura privada.
Um discreto púlpito em calcário, fica alojado entre a primeira e segunda capela lateral do lado direito da nave.
São 12 capelas no total, 6 de cada lado, interligadas por portal em arco, nas paredes laterais. Estas capelas recebem retábulos de mármore e madeira talhada, dourada e policromada (séc. XVIII) e estuques (séc. XIX), além de pinturas renascentistas e barrocas.  
A primeira capela colateral, à esquerda de quem entra na igreja,  do lado  do evangelho, é a Capela do Batistério, patrimônio dos Freires de Andrade.
Na parede vemos uma pintura em cortiça e esculturas em madeira, que simbolizam o batismo de Cristo, no rio Jordão. Trabalho, originalmente do Convento de Santa Mônica, envolto em moldura com madeira talhada e dourada. A pintura em cortiça é de João Maria Silveira (1862).
As paredes são cobertas com azulejos provenientes de Lisboa, século XVIII.
A pia batismal, de mármore branco, sem ornamentação, pertencia a antiga Igreja de São Pedro.
Em detalhe, o púlpito em calcário com cobertura de madeira esculpida e policromada. São dois, um defronte ao outro, situadas no corredor central da nave única.
Abaixo, a abóbada ogival com nervuras da nave. Em estilo gótico-manuelino, com 24 metros de altura, totalmente recuperada na última intervenção de restauro (2014).
O mural acima da porta de entrada, mostra detalhes durante os reparos e restauração da igreja.
Reparem nas paredes em alvenaria rebocada e com traçados brancos para imitar pedras, técnica muito usada na época. 
 Como o acesso interno que liga a Igreja à Sala do Capítulo permanece fechado, saímos da igreja e seguimos para o acesso lateral para visitarmos a parte paga do complexo, que inclui a Capela dos Ossos, a coleção de presépios e o Museu Sacro. 
Sala do Capítulo
Seguimos para a famosa Capela dos ossos que fica no piso térreo do convento de São Francisco. Uma das poucas dependências salvas do Convento (mosteiro) original.
Para acessar a Capela de Ossos, você obrigatoriamente tem que passar pela Sala do Capítulo ou Capela do Senhor Jesus dos Passos, que funciona como uma bilheteria/recepção.
A sala do Capítulo era onde, antigamente, os frades franciscanos se reuniam no início e ao fim de cada dia e foi construída na primeira metade do século XVI.
Repare no teto com arcos que se apoiam em largas colunas octogonais, do início do século XVI.
O altar-mor desta sala é uma imensa maquete da Capela-Mor da Sé de Lisboa, cercado por um balaustre de mármore branco e ébano, com detalhes dourados. O portão é de madeira. Uma fiel réplica em menor escala, mas que permite você entrar e circular livremente. Desenho atribuído ao arquiteto João Frederico Ludovice e execução do entalhador João Vicente, 1720/1721.
Inicialmente, esta maquete ficou no Palácio Episcopal, passando para o Convento das Graças e finalmente para a Capela do Capítulo, no final do século XIX. Para adaptar a maquete ao novo recinto, alguns detalhes foram alterados e outros detalhes foram acrescentados (segundo contam). Então, a réplica já não é tão fiel, mas mesmo assim uma bela representação.
A estátua do Senhor Jesus dos Passos não estava presente no momento de nossa visitação.
Dois imensos quadros pintados a óleo ladeiam o altar. O da esquerda, representa a Anunciação, de Diogo Teixeira. O da direita, representa São Pedro, autor desconhecido. Ambos do século XVII.   
Duas esculturas de anjo, em mármore branco, ficam sobre uma coluna de mármore policromado, como detalhe da cerca de madeira que protege a fachada da maquete. 
Nesta sala não deixe de admirar os tradicionais azulejos portugueses, pintados por Armando Santos (1930). Eles contam a história da paixão de Cristo e contornam a parte inferior das paredes do recinto.
Da sala do Capítulo, seguimos por um corredor que leva a uma antessala que antecede a entrada para a capela dos ossos, além dos azulejos é decorada com vários quadros a óleo, e em um armário podemos admirar vários emblemas e enfeites bordados, entre outros objetos dos frades franciscanos. 
Esta sala, recebe um lambril em azulejos portugueses com motivos geométricos de inspiração mudéjar, tipo tapete policromo. Além de bancada com assento em mármore branco, revestido com o mesmo azulejo. Azulejos e banco do início do século XVII.
Enfim, a entrada para a Capela dos Ossos.
A construção desta capela data do século XVII. Com três naves, a capela possui a dimensão de 8,7 metros de comprimento e 11 metros de largura.
No portal em mármore branco, na entrada para a capela dos Ossos, a frase que representa a transitoriedade da vida: "Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos". Uma reflexão sobre a temática da brevidade da vida terrena, com uma boa dose de humor negro.
Acima dos dizeres, uma discreta e pequena pintura que representa uma Alma do  Purgatório.
Senti arrepios com a placa de boas-vindas. Mesmo assim entramos.
A pitoresca e inusitada capela é um verdadeiro ícone de Évora. Vir a Évora e não visitar a capela dos ossos é como ir a Roma e não ver o Papa. Tem que ir, mesmo que não faça o seu gênero.
Abaixo, a urna funerária em mármore branco, ficam os restos fúnebres dos três frades franciscanos que idealizaram e construíram a capela. 
No piso, defronte ao altar, fica o jazido do bispo D. Jacinto Carlos da Silveira, assassinado durante as invasões napoleônicas (1808).
O altar desta capela é de mármore policromado com colunas coríntias. O nicho e detalhes aplicados são em talha dourada em estilo barroco-rococó. O altar, originalmente do Convento do Paraíso, foi montado na Capela dos Ossos em 1912. É dedicado ao Cristo Crucificado, conhecido como Senhor Jesus da Capela dos Ossos.
Todas as paredes e suas 8 pilastras, são cobertas por ossadas humanas. São ossos e crânios rejuntados com argamassa natural. No total, foram usados 5000 esqueletos de monges franciscanos (vértebras, fêmur, tíbias, crânios, ...) provenientes dos cemitérios monásticos da região.
Os ossos longos (tíbias, fêmures, ...) e crânios, foram dispostos de tal maneira, que formam desenhos nas paredes. Os espaços são preenchidos com as vértebras e outros ossos menores. Uma verdadeira obra artística em estilo macabro.
Em duas caixas de vidro, deitados sobre um leito, dois cadáveres mumificados, descansam eternamente. Um adulto (foto abaixo) e uma criança.
O teto abobadado é coberto com afrescos de símbolos e citações bíblicas, instrumentos da Paixão de Cristo, coroas reais, armas do Santo Ofício e outros temas profanos, circundados por crânios. Estes afrescos datam de 1810. 
O piso é em pedra bruta. O roda-piso (rodapé) é finalizado com azulejos portugueses policromados.
Para muitos, um ambiente macabro e bizarro. Mas, este não é o objetivo. A ideia é que percebamos que nosso tempo neste mundo é curto e a morte a nossa única certeza. O que vem depois depende de nossas crenças e ações no hoje e agora. Uma visita imperdível. Valeu cada centavo pago.
Saindo da capela, de volta para a antessala por onde entramos, o moderno painel em azulejo do arquiteto português, Álvaro Siza Vieira, faz um contraponto à morte, com uma ilustração que simboliza a vida, pelo nascimento de Cristo.
Coleção de Presépios Canha da Silva
Da Capela dos Ossos, subimos direto para o andar mais elevado, onde ficam duas galerias, situadas sobre as capelas laterais. Local onde, desde 2016, fica uma espetacular coleção de presépios oriundos de várias localidades de Portugal e outros países.
presépio;
É a Coleção de Presépios Canha da Silva. 
Estes presépios fazem parte da coleção particular do major-general Fernando Canha da Silva e de sua esposa Fernanda Canha da Silva.
Nas duas galerias, foram montados vários expositores, que permitem a observação das peças, sem riscos de poeiras ou danos.
Abaixo, um presépio da artesã Guilhermina Maldonado, de Estremoz. Arte popular com bonecos de barro, conchas, flores artificiais e outros enfeites. 
As técnicas e materiais empregados vão da porcelana, barro, madeira, pedras, lã e linhas, cortiça, ... Enfim, o que estiver ao alcance das mãos e imaginação do artesão.
São centenas de presépios com materiais variados, seguindo a interpretação do nascimento de Cristo, conforme a religiosidade e habilidade artística de cada artesão. 
Alguns presépios são bem folclóricos e incluem aspectos relacionados com a região de origem do artesão. 
 
É impressionante que sobre o nascimento de Cristo, tenham surgido tantas interpretações artísticas. 
Difícil escolher o presépio mais bonito. Todos possuem uma graça original e especial. 
Alguns presépios possuem a qualidade e finalização primorosa de verdadeiras jóias. 
Outros, parecem feitos para serem manuseados e acalentados. Estes encantam principalmente as crianças.
Varanda/Terraço
Entre as duas galerias superiores onde ficam os presépios, você acessa uma larga varanda, onde ficam expostos alguns presépios feitos em pedra esculpida ou bruta.
A varanda oferece uma oportunidade de observar melhor alguns detalhes da construção, como o único janelão da fachada, com lindo trabalho rendilhado em granito. 
Detalhes que passam despercebidos quando vistos de longe.
Mas, o melhor é com certeza a vista. A varanda funciona como um mirante que nos permite observar os arredores.
Mesmo estando em uma altura um pouco mais baixa, em relação aos Terraços da Sé, a vista merece admiração.
Lá embaixo várias construções nos arredores. Entre elas, o Mercado Municipal e ao seu lado o Mercado Pesqueiro. No extremo esquerdo da foto, fica o Jardim Público de Évora (que visitamos no início do passeio), onde podemos ver um guindaste junto ao Palácio de Dom Manuel em obras. 
O Centro histórico de Évora é pequeno e as construções importantes ficam bem próximas uma das outras. Quem precisa de carro?
Ao longe, as torres da Catedral da Sé, se fazem presentes. 
A construção com varandas de ferro forjado, molduras de janelas e portal em pedra bruta trabalhada, mas sem polimento, é o Centro de Artes Tradicionais. Um museu eclético que abriga a Coleção de Artes Populares e a Coleção de Aparelhos de Escritório e Utensílios do Século XX. Além de exposições temporárias. Gratuito. 
A arquitetura dos antigos casarios caiados de branco, com cobertura de telhas de barro, lembra as construções do Brasil Colonial. O que não é pra menos. Estas construções datam do século XVI ao XIX. As construções mais recentes, procuram seguir o perfil arquitetônico do sítio histórico.
Nos arredores da Praça 1° de Maio, muitos cafés, bares e restaurantes.
Núcleo Museológico
Das galerias onde ficam os presépios, descemos um nível até o Núcleo Museológico, onde encontramos uma variedade de obras sacras, muitas sobre São Francisco e sua vida.
O museu funciona na área dos antigos dormitórios dos frades franciscanos, no Convento de São Francisco, sobre a capela dos ossos e Sala do Capítulo.
O acervo do museu vem do próprio convento de São Francisco e de outros da região que foram extintos.
Pelos corredores do museu, encontramos várias estátuas em madeira dourada, policromada e estofada. Como o Anjo  barroco (séc. XVIII); São João Batista (século XVIII) e Nossa Senhora da Conceição (século XVII).
Museu sacro;
São Francisco de Paula possui várias representações. Abaixo, estatuetas em madeira policromada, dourada e  técnica de estofado, do século XVIII e XVII, respectivamente. 
Abaixo algumas pinturas presentes no museu.
Menino Jesus entre os doutores, óleo sobre madeira do século XVII. Supostamente de autoria conjunta dos pintores Antônio Moura (1604-1645) e Manuel Fernandes (1579-1656).
São João Evangelista, óleo sobre tela do início do século XVIII. Autoria do pintor e azulejador Antônio de Oliveira Bernardes (1662-1732).
Lava-pés, óleo sobre madeira do século XVII. Atribuído ao pintor Simão Rodrigues (1560-1629).
Tríptico composto por Calvário ladeado pelos santos franciscanos, São Francisco e Santo Antônio com o menino Jesus. Pintura a óleo sobre madeira, com moldura  entalhada dourada, do século XVII.
Coleção de painéis atribuídos ao pintor Francisco Henriques.
1- Nossa Senhora das Neves;
2- Aparição de Cristo a Madalena;
3- Pentecostes;
4- Nossa Senhora da Graça com o menino Jesus, entre Santa Julita e Santo Guerito;
5- Professor Daniel julgando a casta Susana;
6- Os santos São Cosme, São Tomé e São Damião.
Nossa Senhora velando o sono do menino Jesus, óleo sobre madeira, século XVI/XVII. Autoria desconhecida, possivelmente espanhola.
Abaixo
- Manequim com vestimenta processional, utilizada por crianças e adolescentes, representando anjos nas procissões das Cinzas e dos Passos, do século XVIII.
- Estátua em madeira policromada de São Jorge, paramentada com manto, gibão e chapéu com galões de ouro fino, segurando uma lança, espada e escudo em prata. Século XVII/XVIII.
Um imenso painel mostra o espaço durante as reformas e recuperação do prédio.
Entre vários expositores, encontramos muitas preciosidades do século XVIII, como os exemplos abaixo:
- Menino Jesus em madeira policromada, com vestes de cetim de seda com renda bordada com fio metálico e laminado dourados, em base de talha dourada.
- Coroas em prata fundida e decorada, rematadas no topo com estrela e cruz, utilizadas na arte sacra para coroar Nossa Senhora e/ou Menino Jesus. Na arte sacra os demais santos recebem um resplendor e não coroa.
- Menino Jesus em madeira policromada com veste damasco lavrado, bordado com fio metálico e laminado dourado, aplicação de miçangas e canutilhos. Peruca de seda. Base em talha dourada.
Imagem barroca de Nossa Senhora, do século XVIII, em madeira policromada com articulação dos braços e tipologia do corpo preparado para receber indumentárias e adereços. Como o corpo e membros ficavam cobertos por vestimentas, o escultor se dedicava ao rosto e mãos que ficavam aparentes. Trabalho conhecido como armação de roca, muito comum na arte sacra barroca.
O museu conta com uma bonita coleção de ourivesaria sacra, a maior parte dos ourives locais.
Abaixo, alguns relicários, em forma de custódia, em prata fundida e cinzelada. As custódias, também denominadas como ostensórios, são destinadas a apresentação da hóstia nas liturgias sagradas do catolicismo.
- Custódia de prata, partes douradas e topázios incolores, de 1853 a 1861.
- Custódia de suspender (sem coluna ou base), utilizada em procissões, datada entre 1769 1 1776.
- Custódia decorada com símbolos eucarísticos e querubins.
- Custódia em prata com partes douradas, datada entre 1810 a 1836.
- Custódia de Santa Rita de Cássia, advogada das causas impossíveis, século XIX.
Na foto abaixo, na primeira prateleira vemos:
- Bolsa de esmolas da Ordem Terceira, em tafetá de seda e prata, século XVIII.
- Porta-paz em metal fundido, em relevo e dourado, século XVII
- Cálice ministerial ou vaso de comunhão em prata fundida, século XVII.
- Bacia e Gomil em prata fundida e cinzelada. Usada para a purificação das mãos do celebrante antes da celebração da eucaristia. Atribuída aos ourives Pedro Ferreira e Francisco Xavier Calado, datada de 1769-1776.
- Resplendores em prata gravada e com relevo, da primeira metade do século XVIII. O primeiro decorado com o emblema da Ordem Franciscana. O segundo decorado com folhas de loureiro estilizadas, medalhão das cincos chagas e duas tulipas.
Na segunda prateleira podemos ver:
- 3 exemplos de Matriz sigilar (selo) com cunho oval. A primeira, em liga metálica e estojo de madeira, século XVIII, com as armas da Ordem Terceira de São Francisco de Évora. A segunda da Ordem Terceira, em prata e madeira, século XVII, também com as armas da Ordem Terceira de São Francisco de Évora. A terceira, em chumbo e madeira, século XVII-XVIII, com o emblema da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição.
- Livro primeiro dos Irmãos noviços, datado de 1686-1736. Destinado ao assentamento dos irmãos noviços da Ordem Terceira de São Francisco.
- Livro da Terceira Ordem do Seráfico P. S. Francisco, impresso na oficina da Universidade de Évora, datado de 1675.
- Livro dos assentos e acórdãos da Ordem Terceira, para registro das atas administrativas da ordem, datado de 1698-1863.
- Matriz e carta patente da Ordem Terceira, em cobre gravado, autoria do gravador Guilherme Debrie, datado de 1752.
A maquete da Igreja de São Francisco em Évora nos dá a ideia da dimensão do complexo.
O que coloquei na postagem é uma pequena fração dos tesouros que existem no museu. 
Após os tempos áureos de Évora e com a extinção das ordens religiosas em 1834, o complexo Igreja/convento sofreu forte impacto. 
O complexo igreja/convento ficou abandonado por vários anos, o que contribuiu para a sua ruína. 
O Claustro do Convento, datado de 1376, perdeu boa parte de sua área entre os anos de 1892 a 1895, quando foi vendida em leilão público. 
No decorrer dos anos foram feitas várias reformas, a última e mais impactante entre 2014 a 2015. Mas, as áreas vendidas não foram recuperadas.
Na área demolida do convento de São Francisco, foram construídos prédio residencial e o Mercado Municipal.
Igreja de São Vicente
Da praça 1º de Maio, seguimos por caminhos tortuosos até o Largo da Porta de Moura. Aconselho a seguir pelo mapa.
No caminho que escolhemos, passamos por um pequeno largo com uma simplória igreja. A igreja de São Vicente ou Igreja dos Mártires de Évora, dedicada aos três irmãos (Vicente, Sabina e Cristela) que morreram mártires das perseguições romanas, em 303. Estes irmãos se tornaram Santos Padroeiros da cidade.
Igreja São Vicente;
Construída entre 1461 e 1467, sobre uma antiga ermida. Em 1560 passou por alterações na estrutura que se mantem até os dias atuais. No século XVIII, passou por manutenção de conservação, sem alterar sua estrutura. Atualmente, funciona como museu e sala para exposições temporárias.
Sua fachada principal, apresenta dois portais góticos em granito. 
O principal, no meio da fachada com uma escadaria para acesso é mais simples e conduz ao interior da igreja/museu. 
O pórtico de granito esculpido e porta de madeira, na lateral esquerda da fachada, é uma das cinco estações da Via Sacra da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos, construída em 1720 e reconstruída em 1856.
Entre os dois pórticos, um pequeno painel de azulejo é dedicado à Virgem Maria, 1940. Não entramos.
No largo de São Vicente, fica a Gelataria Zota, com sorvetes de fabricação própria e crepes.
Igreja da Graça
Seguindo pela rua Miguel Bombarda, dobramos na Travessa da Caraça, onde chegamos ao Largo da Graça. Neste largo, encontramos a Igreja/Convento Nossa Senhora da Graça ou simplesmente Igreja da Graça ou Igreja dos Meninos da Graça, que foi o primeiro monumento em estilo renascentista de Évora, tendo relevante valor histórico-cultural.
Igreja da Graça;
Construída em granito natural da região, possui uma fachada exterior impactante e impressionante, com forte influência renascentista italiana. 
Obras iniciadas em 1511-1524, projeto do arquiteto Miguel Arruda, por ordem de D. João III e o Bispo D. Afonso de Portugal.
Após a expulsão dos Jesuítas, no século XVIII o complexo igreja/convento, foi convertido em quartel militar, sendo a igreja a capela usada como Capelania da Região Militar Sul, pelos oficiais do Exército de Évora
Em 1910, foi classificada como Monumento Nacional.
Na segunda metade do século XX, passou por restauração do seu exterior e algumas áreas do convento (claustro e refeitório).  
A construção ocorreu em substituição ao antigo convento da Ordem dos Eremitas Calçados de Santo Agostinho. A igreja em si, é pequena com uma única nave, mas não estava aberta para visitação.
A torre dos sinos retangular, difere do usual em igrejas e chama a atenção por ser tão particular.
Nas quinas da fachada, no alto, destacam-se esculturas humanas em granito, com lanças de ferro. São os "atlantes" ou "Meninos da Graça". Os "meninos" estão apoiados em globos de fogo que representam “as quatro partes do mundo”, por onde os Portugueses passaram. 
As esculturas são atribuídas ao escultor francês Nicolau de Chanterene e representam os primeiros mártires da inquisição em Évora.
Meninos da Graça;
Largo da Porta de Moura 
Enfim, chegamos ao nosso objetivo, o Largo da Porta de Moura
Eu rodei, rodei, procurei, procurei e não achei a tal Porta de Moura. Na minha falta de conhecimento, eu imaginava que Porta de Moura, fosse alguma porta da antiga muralha romana ou mourisca. E foi, no passado distante. 
Nesta área ficava uma das portas da antiga e extinta muralha romana. Hoje, não há "porta" neste largo, pelo menos não a que eu procurava. As civilizações dominantes subsequentes, em busca de deixar sua própria marca e poder, aliado à necessidade de crescimento urbano, terminaram por demolir as construções do passado, instalando novos monumentos e edifícios, nem por isto menos importantes.
O largo, em formado irregular, é uma grande praça com algumas construções de destaque.
- Tribunal Judicial da Comarca de Évora 
Nesta praça chama atenção o prédio centenário que alberga o Tribunal Judicial da Comarca de Évora e suas seções.
Construído na área do antigo Convento do Paraíso, por presos condenados pelo próprio tribunal. (Gostei). O prédio possui uma estrutura que forma um pátio central onde fica uma interessante escultura em pedra, como um totem retangular, com relevos e texto explicativos que contam a história de Évora. No topo da escultura, em três faces, está esculpida a fachada da Universidade de Évora. 
Nos corredores que contornam o pátio, ficam as portas para as diversas seções do tribunal. Todas bem trabalhadas e identificadas.
Porta de Moura
- Fonte da Porta de Moura
No centro do largo, fica uma fonte, construída no século XVI (1556), em estilo renascentista, por Diogo Torralva, como parte do abastecimento de água pelo Aqueduto da Prata. Processo de renovação urbanista do Cardeal D. Henrique.
Embora, mais simples do que a fonte da praça do Giraldo, é um ponto histórico importante da cidade, estando rodeada de vários casarios e palacetes de nobres eborenses.
Composto por dois tanques retangulares em tamanhos diferentes, estando o menor dentro do maior. No centro do menor, uma pilastra suporta uma esfera que jorra água através de quatro tubulações. A água captada no tanque menor servia de abastecimento para os eborenses na época. Hoje, apesar de ser água potável, pelo número crescente de pombos que utilizam a fonte, não é adequado ao consumo humano.
Eu não consegui visualizar as quatro carrancas de serafins de alto-relevo que envolviam as tubulações da esfera. Dá pra perceber que havia algo, que o tempo parece ter apagado.
Porta de Moura;
- Casa Cordovil
A linda edificação abaixo, é a Casa Cordovil, que foi residência dos Morgados de Brito, no século XVI. Chama atenção, o mirante manuelino-mudéjar, em formato de torre retangular, com ameias e finalizada com um pináculo cônico. O muro que circunda o pequeno jardim da casa, é arrematado por ameias pintadas em amarelo. Aliás, é comum em Évora, o uso da cor amarela nos arremates das construções caiadas de branco.
Casa Cordovil;
- Igreja e convento do Carmo
A Igreja de Nossa Senhora do Carmo ou Igreja do Carmo, monumento religioso da congregação dos Frades Carmelitas Calçados, se situa entre o Largo das Portas de Moura e Rua D. Augusto Eduardo Nunes.
Um pouco da história do monumento católico: Em 1531, os frades carmelitas ocupavam uma antiga construção fora do sítio histórico, junto a Capela de São Tomé. No século XVII, durante o cerco da Guerra de Restauração, a edificação sofreu sérias avarias. Época que receberam o antigo Paço dos Duques de Bragança em Évora, por doação do rei D. Afonso VI. Em 1670, os frades iniciaram a construção da igreja e convento do Carmo.
Igreja do Carmo;
A igreja somente foi consagrada em 1691. Em 1934, a igreja passou a ser sede paroquial da freguesia da Sé de Évora. 
A entrada da igreja é antecedida por um portal de granito em estilo barroco, cujo frontão traz as armas da Ordem do Carmo, sendo coroado com uma simbólica cruz católica. Uma grade em ferro forjado, complementa o portal, e dá acesso ao adro da igreja, murado e pavimentado com granito. Como a igreja está em um nível inferior à rua, o adro é acessado por uma escadaria de granito.
A sóbria fachada de igreja, sem torres ou frontão, apresenta várias janelas retangulares abertas acima de um grande arco abatido que forma um alpendre recuado.
Em detalhe, a chamada Porta dos Nós, da Igreja do Carmo. Símbolo da Casa de Bragança, criado pelo arquiteto Diogo de Arruda em 1525, a manutenção da Porta dos Nós, foi uma exigência do rei D. Afonso VI, imposta na época da doação do prédio. A porta, de madeira brasileira, possui dois batentes almofadados, datada de 1691.
O Convento do Carmo, extinto em 1834 juntamente com as demais ordens religiosas de Portugal, retornou à Casa de Bragança. Desde então, foi usado para várias finalidades. Foi sede do Colégio das Irmãs Doroteias (1896 e 1910), passando a residência Arquiepiscopal (1914) e, finalmente Departamento de Música e Teatro da Universidade de Évora (1990). 
Atualmente, está sem utilização e visivelmente abandonado.
Em 2013, a igreja passou por obras de restauração, que não contemplou o convento.
Não entramos. A igreja e o convento estavam fechados.
Aqueduto da Água de Prata
O Aqueduto da Água de Prata, foi construído entre 1531 e 1537, pelo arquiteto Francisco de Arruda (o mesmo que projetou a Torre de Belém, em Lisboa e o aqueduto de Elvas), para suprir a deficiência de abastecimento d'água no período áureo de Évora. 
Para uma visão mais global do aqueduto, a melhor posição é do terraço da Catedral da Sé. Foi lá, que conseguimos a foto do conjunto. 
Aqueduto da Água de Prata;
Trata-se de uma complexa construção renascentista de engenharia hidráulica, com quilômetros de arcos imponentes que podem atingir 12 metros de altura, parte fora das muralhas medievais do sítio histórico, próxima da Porta de AvisNo total são 18 km de extensão.
O aqueduto era inicialmente abastecido por água das nascentes da propriedade rural de Rui Lopes Lobo, além da Igreja de Nossa Senhora da Graça do Divor. Com o tempo, ao longo do seu percurso, passou a ser abastecido por várias nascentes e fontes d'água. Entre elas, uma nascente natural próxima do Convento São Bento de Castris. Por conta da falta de inclinação do terreno para facilitar o escoamento da água, o trecho do aqueduto entre São Bento de Castris até a muralha medieval de Évora, necessitou de elevação através das arcarias que ainda hoje vemos. 
O aqueduto, continua a transportar água das nascentes até o o sítio histórico de Évora, pela Porta da Lagoa (próxima da Porta de Avis), e zona rural. 
Por todo o sítio histórico, você encontra trechos do aqueduto. 
Em alguns pontos na área histórica, os arcos que sustentam o aqueduto, foram aproveitados na construção de moradias e lojas. É a necessidade de crescimento urbano sem prejuízo para a megaestrutura medieval. Acho bem interessante este arranjo. 
Além da estrutura com altos arcos, nós vimos algumas fontes que permitiam a coleta d'água de dentro da cidade, em uma época que não havia canalização d'água para cada domicílio. Bem como uma antiga caixa d'água renascentista.

Ruas e ruelas do centro histórico Eborense:

Se sobrar tempo, caminhe pelas antigas ruas, ruelas, becos, arcos, sem se importar com o tempo. Ande ao acaso, sem destino certo. São vias e caminhos pavimentados com pedras rústicas e irregulares. Algumas ruas são tão estreitas, que nem calçadas têm.
sítio histórico;
Aprecie as lojas e os casarios caiados de branco com janelas e portais coloridos de amarelo, cobertas com telhas de barro. 
Observe as janelas ou paredes de casarios com o famoso azulejo português e singelas sacadas com ferro forjado. 
A iluminação das ruas com antigas lanternas de ferro e vidro, adaptadas para funcionar com energia elétrica. Reparem na ausência de fios elétricos enfeiando a cidade.
Repare nos detalhes que diferenciam cada construção. Como o muro e portão abaixo, na Travessa da Palmeira. Muito interessante, mas sem nenhuma placa ou inscrição. Provavelmente, alguma propriedade particular.  
Sente-se em um dos muitos cafés e bares, com suas mesas do lado de fora. Alguns com música ao vivo para atrair e encantar os clientes. Tem, inclusive, música brasileira com sotaque português. 
Aprecie um bom vinho alentejano com algum petisco gastronômico local.
A vida noturna é animada pelos universitários. 
Para os amantes de vinhos, há vários vinhedos na região, abertos para visitação e degustação de vinhos.
Compre lembrancinhas de Évora. Vinhos alentejanos (Cartuxa), azeite de oliva, artesanato regional com cortiça, peixes em conservas, ...
Sim, peixes em conservas. 
No Brasil, encontramos nos supermercados atum e sardinha em conserva. Mas, em Portugal a variedade é imensa e sua produção é levada a sério, quase como um patrimônio nacional.
Existe inclusive lojas especializadas neste produto, onde o peixe enlatado é a estrela. Abaixo, a loja da Comur, fábrica de conservas da Murtosa. 
Comur;
Além do atum e sardinha, você encontra bacalhau, ovas de bacalhau defumada, cavala, dourada, robalo, linguado, peixe-espada, trutas, mexilhões, polvo, salmão, enguias, lulas, búzios, anchovas, ..., e muito mais.
O preço não é muito convidativo, mas sem dúvida é uma lembrança curiosa e incomum.
Comur;
Entre os artesanatos local, a matéria-prima que mais sobressai é a cortiça. Portugal é o maior produtor mundial de cortiça, sendo grande parte da região do Alentejo. São objetos utilitários, peças decorativas, bijuterias, bolsas, mochilas, carteiras, malas, leques, calçados, roupas, ..., e muito mais.

Final da visita e despedida de Évora.

Em nossa saída de Évora, depois de dois dias e duas noites na cidade, resolvemos tomar o desjejum (café-da-manhã) no caminho para o nosso próximo destino.
Para isto, escolhemos a simples, mas simpática Cafeteria “Café e Cervejaria o Penalty”. Situada em uma pequena praça, a praceta Horta do Bispo, na rua da Horta das Figueiras, próxima ao hotel em que ficamos hospedados e fora do sítio histórico de Évora
A praça fica defronte à bela construção em estilo neogótico que vemos abaixo. 
Um prédio de três piso, denominado como Lar do Recolhimento, fundado pela família Barahona em estilo neogótico de 1908, rodeado por um grande terreno com vários pés de laranja. 
Inicialmente acolhia os trabalhadores rurais reformados ou inválidos da casa agrícola pertencente à família do fundador. De 1924 a 1961, abrigou um colégio sob os cuidados das irmãs doroteias. Sendo em 1955, integrada à Santa Casa da Misericórdia de Évora. Em 1982 é restaurado e reinaugurado como asilo para 140 usuários.
Um lindo prédio com uma linda história de dedicação e cuidado aos mais necessitados. Um bonito exemplo que merecia registro.
Ermida de São Braz
Mais uma preciosidade pelo caminho. Ermida de São Braz, uma igreja edificada em 1480 e modificada em 1573, exemplo do estilo arquitetônico gótico tardio da região do Alentejo. A construção original é atribuída aos cavaleiros da Ordem dos Templários.
Ermida de São Braz;
Fica fora das muralhas do sítio histórico e lembra um castelo medieval com contrafortes cilíndricos, ameias e pináculos. Pena que o jardim ao redor estava abandonado.
A entrada é gratuita, se estiver aberta. De qualquer maneira vale uma olhada, mesmo que por fora. Não entramos.
O que não vimos em Évora:
- Teatro Garcia de Resende (exterior e interior): Um teatro "à italiana", 1892, cuja sala principal é decorada em barroco italiano.
- Convento da Cartuxa (Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli). Situado fora do sítio histórico de Évora. Acesso permitido apenas para homens. Mulheres só podem ver o exterior. Regras dos monges.
- Palácio Real de Évora (Palácio de D. Manuel). Estava em reforma.
- Cromeleques de Almendres. Estruturas megalíticas de grande valor arqueológico, composto por 95 pedras dispostas em círculo. Descobertas apenas em 1964.
- Universidade de Évora, Igreja e Colégio do Espírito Santo, 1559, fora dos muros medievais (vimos alguns prédios no sitio histórico, que foram anexados ao longo dos anos).
- Museus da cidade (Arte Sacra, Carruagens, Artes tradicionais, ...).
- Quartel dos Dragões de Évora / Castelo Novo / Castelo Manuelino.
- Janela Manuelina, Casa de Garcia de Resende, cruzamento da rua de São Manços com a rua do Cenáculo. Bem próxima do Largo da Porta de Moura (passei batido).
Eu e meu marido fizemos esta viagem em maio de 2019, mas não tive tempo de postar antes. 
Portugal é um ótimo país para ser visitado. Além da facilidade do idioma, vários pratos da culinária brasileira são originados na comida lusitana. Escolha o seu trajeto entre as várias regiões de Portugal e bom passeio.
mapa Portugal; regiões de Portugal;
Espero que vocês tenham apreciado esta postagem.
Se gostaram não deixem de curtir e compartilhar.
⇨ 😎 Viajando e sempre aprendendo. Muitas informações da postagem, foram conseguidas in loco, nos folhetos informativos dos monumentos, com os guias ou através de pesquisas na internet ("Santo Google" 🙌). 😉 
Aguardem a próxima postagem  Badajoz, Espanha.

Bjs e até a próxima postagem que pode ser artes, guloseimas ou companhia (pensamentos, viagens, passeios)!!! 💋💋💋
Para quem se animar:  
FAÇAM A MALA e BOA VIAGEM!!!!!
Um abraço carinhoso a todos os meus familiares, amigos e visitantes,
                   Teresa Cintra






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